terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Trabalho e dignidade

É ponto pacífico na mentalidade social do século XXI - e desde muito tempo atrás - que o trabalho é um dos pilares da vida humana. Por meio dele, seja em suas vertentes mais operacionais ou naquelas mais intelectualizadas, a exemplo da vida acadêmica e das atividades de pesquisa, fomos levados a construir o mundo tal como é hoje.

Mas o que se tem notado na consagração do modelo econômico capitalista é a banalização da atividade laboral. O trabalho como ferramenta para a realização e consecução dos objetivos individuais e sociais cedeu lugar ao trabalho única e exclusivamente pela necessidade.

Hoje, o homem trabalha para poder consumir, em maior ou menor grau, aquilo que possa satisfazer as suas vontades individuais e demandas sociais das quais se vê carente. Não raro, o trabalho lhe consome todo o dia, sem que ele tenha como perceber que deixa de dar atenção aos motivos que o fazem trabalhar. O homem acaba por esquecer que é humano, e se mistura à engrenagem da máquina que opera em seu dia a dia.

Por esse motivo, considero que surgem em boa hora propostas como a das Centrais Sindicais, em busca da redução da jornada de trabalho sem redução da remuneração. Com o elevado peso da carga horária atual, o trabalhador acaba por deixar de lado a sua individualidade e o seu convívio familiar, privando-se, ainda, das oportunidades de aperfeiçoamento por meio do estudo, que - parece ironia - é uma das exigências do mercado de trabalho para a sua melhor colocação profissional.

No entanto, o pequeno empresário não tem como arcar com o ônus da redução da carga de trabalho sozinho. Não bastasse o excesso de tributação, o empresário brasileiro se vê preso a grandes amarras burocráticas para atuar dentro da legalidade. Portanto, se não for oferecida alternativa viável para reduzir o impacto desta medida junto ao empresariado, é possível que a negociação da redução de jornada fique apenas no papel.

Como forma de melhorar esse quadro e trazer mais dignidade ao trabalho, é necessário, de um lado, que o ser humano entenda o seu papel como trabalhador e a importância que detém como tal. E, por outro, que seja promovida nova humanização das relações de trabalho, adequando às normas à vida do cidadão de hoje, a exemplo do que foi, à época, a implementação das garantias previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

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