quarta-feira, 23 de março de 2011

Bibliografia nos editais já!

O amigo jornalista Davi Oliveira sempre me instigou a defender esse tema, e pelo grau de instabilidade que vivem hoje os cidadãos que prestam concursos públicos, sinto-me na obrigação de fazê-lo a partir de já. A bibliografia nos editais de concursos públicos é uma grande prova de lisura para com os concorrentes. Editais que citam as referências bibliográficas a serem cobradas nas questões do certame em nada os tornam mais "fáceis", pelo contrário. Podem ser citados como exemplo os editais do Instituto Rio Branco, que sempre oferecem uma extensa bibliografia a ser consultada, e que é uma das provas mais difíceis do país. Lembro ainda do recente concurso do BNDES, que forneceu uma boa bibliografia de referência, e elaborou sua prova dentro dos doutrinadores mencionados no edital.

Com a bibliografia, o candidato não fica tão à mercê da banca examinadora. Ele fica sabendo quais serão as obras adotadas como parâmetro pela banca, e aí sim pode fazer um estudo mais direcionado para a prova. E, para a elaboração dessa relação de obras, se realizada em consenso entre órgão e organizadora, podem ser utilizados os materiais que mais têm a ver com as atividades próprias do cargo, permitindo aumentar o recrutamento de servidores com real aptidão para o trato dos temas relacionados à repartição.

Hoje, questões polêmicas nas provas são recorrentes, e a alegação pelo candidato de que há diversas posições divergentes sobre determinado tema geram anulação da questão, ou pior: às vezes fazem com que a banca, mesmo contra evidências de falta de diligência na escolha do tema, insista no resultado inicial. Ruim pelos dois lados: as anulações de questão acabam influenciando bastante na classificação dos candidatos, e a insistência da banca no erro gera injustiça flagrante, que acaba levando os candidatos a recorrer ao Judiciário, o que pode atrasar o concurso e acaba gerando situação de insegurança na lista de classificação.

Chamo vocês, leitores, a refletir sobre esse assunto e deixar aqui as suas opiniões!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Muito além de uma consumidora indignada

Imagem meramente ilustrativa. O sapato fotografado não é o que foi objeto da reclamação.

Fabiane Ariello, jornalista e blogueira moradora de Foz do Iguaçu, nunca pensou que seria alçada ao estrelato virtual por uma razão tão desagradável: a sua insatisfação, como consumidora, com relação a uma grande marca de sapatos. Fabiane adquiriu um scarpin que lhe causou uma série de decepções quanto à qualidade e durabilidade do produto. O material, que parecia ser couro, aparentemente não era, e o sapato não resistiu ao uso, que se resumiu a apenas 5 ocasiões especiais num período de 2 anos. Sobrou a frustração de uma consumidora que não recebeu um produto à altura do preço que pagou. Ao buscar o atendimento da loja, Fabiane se deparou com a informação de que eles não se responsabilizariam por produtos adquiridos há mais de 3 meses.

A indignação motivou Fabiane a compartilhar o fato em seu blog, num bem humorado e muito bem redigido relato sobre a experiência que teve (para ler, clique aqui). Não demorou muito tempo e o texto foi ganhando popularidade, sendo compartilhado pelas redes sociais e repassado de e-mail em e-mail por todo o país. Hoje estão, na postagem, mais de 400 comentários, a maioria absoluta de apoio à situação de Fabiane como consumidora. Muitos desses comentários são relatos de outros consumidores que se somam ao de Fabiane, sobre a marca à qual ela se referiu ou outras marcas de sapatos, bolsas, cosméticos e acessórios. O tema dos comentários não poderia ser outro: a má qualidade do atendimento e o desrespeito ao consumidor, que parecem ser uma constante em todo o país.

Como o nosso blog tem como um dos focos justamente a consciência do consumidor, resolvemos conversar com a Fabiane, que apesar de não estar curtindo muito toda a exposição que o texto ganhou, foi super atenciosa em conversar um pouco com a gente. Mas, além de consumidora consciente e boa de texto, a Fabiane é uma blogueira de mão cheia, e faz textos sobre o seu dia a dia que são simplesmente deliciosos de ler. Quem quiser saber mais, pode visitar o blog Mary Jo, clicando aqui.

Fabiane, a marca de sapatos te deu algum retorno após a repercussão toda do seu texto? Eles tomaram conhecimento oficialmente? Qual foi a posição deles?
No dia 3 de fevereiro, a Relações Públicas da Arezzo, Caroline, entrou em contato comigo. Ela perguntou se eu ainda tinha o sapato e se poderia enviá-lo para análise. Como tinha, mandei. Ainda não recebi o sapato novamente com o laudo, mas quando receber, pretendo fotografá-lo e colocar as informações no post, para que os visitantes vejam que a marca se pronunciou. Eles também deixaram uma resposta "oficial" nos comentários do post e me deram um vale para gastar na Arezzo, para compensar o sapato perdido.

Você tinha o hábito de reclamar de produtos de má qualidade ou essa foi a primeira experiência?
Reclamei poucas vezes, e sempre diretamente com as empresas. Que me lembre, a editora Martins Fontes trocou um livro em que faltavam algumas páginas sem problemas, e a Coca-cola trocou em poucos dias uma garrafa que veio sem gás. O texto sobre a Arezzo foi um desabafo mais em função de perder um sapato de que eu gostava muito, e que tinha custado tão caro.

Como você vê hoje a defesa do consumidor no Brasil? E a qualidade no atendimento?
Ainda há muito a melhorar. Todo mundo tem alguma história absurda de mau atendimento ou problemas com produtos. Basta procurar um pouco na internet para vermos comentários sobre qualquer marca. Eu mesma tenho recebido relatos de várias pessoas, desde que o texto começou a se espalhar pela internet - e não apenas sobre a Arezzo, mas também sobre outras marcas de calçados, roupas, cosméticos...

Você teria alguma sugestão, com iniciativas que podem ser tanto do Poder Público quanto do empresariado, para melhorar esse panorama?
Acho que mais do que o Poder Público, quem tem que se mobilizar somos nós. Temos que divulgar os problemas que aparecem e alertar o máximo possível de pessoas. Temos que exigir produtos de qualidade e bom atendimento, porque pagamos por isso. Claro que as empresas têm que investir na formação de quem tem contato com o público, e a legislação de proteção ao consumidor, mais clara e acessível, mas no final das contas somos nós, consumidores, que temos o poder de comprar ou não de determinadas marcas, de acordo com a forma como somos tratados por elas.

É fato que muitos dos visitantes foram ao seu blog por conta daquela postagem. Mas, aqueles que tiveram interesse de ir além e conhecer mais das suas postagens, o que encontraram?
Num dos primeiros posts do blog, eu me comprometia a não falar mal de nada naquele espaço. Ironicamente, foi esse desabafo contra a Arezzo que me trouxe a maioria dos leitores... Quem teve a curiosidade de ler os outros textos pôde conferir um pouco de como foi a minha mudança de Curitiba para Foz do Iguaçu, algumas reflexões pessoais, alguns choramingos e histórias engraçadas do meu dia a dia. Fiquei um pouco acuada de continuar escrevendo depois que o número de visitantes aumentou tanto, mas aos poucos estou perdendo o medo. Quem quiser aparecer por lá será muito bem-vindo. Até porque eu já usei o vale da Arezzo, e se esses sapatos estragarem, eles podem esperar mais um desabafo... ;-)