quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Natal e a Política


Amigas e amigos queridos, antes de mais nada, quero desejar a vocês, com toda a sinceridade, um feliz Natal. O meu desejo é puro e real, imbuído do espírito que todos devemos ter nessa data: o de renovação, o do nascer de uma nova vida capaz de nos elevar como pessoas, o da reflexão para a melhoria do ser humano. Se, pela tradição, nos presenteamos, saibam que o maior presente que ganho é a alegria de tê-los como amigos. Já eu, além da amizade, busco dar presentes que possam traduzir o carinho que sinto pelos presenteados.

Todavia, muita gente presenteia por presentear. Não o faz por prazer, cumpre uma obrigação. Esquece que o espírito do Natal é algo muito maior que o presente. No Natal, como na política, não dá para presentear esperando retribuição: é hora de testar a generosidade. Da mesma forma, nas brincadeiras de amigo oculto que tanto costumam ocorrer nessa época do ano, não adianta se chatear por ter comprado o melhor presente possível para o amigo e ter ganhado em troca algo que é evidente não ter sido escolhido com o pensamento em você. Enfim, é uma hora de desapego ao material. Você tem que fazer a sua parte, o seu melhor. Mesmo sem muitos recursos, tentar agradar o presenteado, oferecendo algo que possa trazer a ele boas recordações, além de fazê-lo sentir-se querido por você. Afinal, como já dito, não se trata do presente pelo presente. Há um bom espírito, algo muito maior, norteando essa tradição social.

Ligando para os amigos que você não vê há tempos, com um sentimento sincero de saudade, ou enviando mensagens escritas com palavras de carinho, ou, ainda, dando um abraço verdadeiro em cada ente querido, você está alimentando o espírito de Natal. Possuindo certo desapego ao material e aos excessos pragmáticos, acredito que o bom cidadão esteja pronto para fazer o bem em sua vida pessoal e profissional.

Porém, da mesma forma que alguns se desviam do real espírito de Natal, outros se desviam do real sentido da Política. Na Política, não é possível fazer o bem esperando retribuição, qualquer que seja. Há de se fazer o bem por fazer, pelo espírito público que a norteia. Quando se espera algo em troca, pode haver uma grande decepção ou até mesmo abrir-se margem para a corrupção. O bom homem público presenteia a população constantemente, exclusivamente com a sua seriedade, seu comprometimento com a coisa pública e a efetividade de suas ações. A população pode retribuir com reconhecimento, o que nem sempre vem a ocorrer. Não ocorrendo, cabe ao homem público manter a altivez e, sem mágoas, continuar trabalhando incessantemente pelo bem da população. Esse deveria ser, sempre, o espírito da Política.

domingo, 14 de setembro de 2008

Apertem os cintos!

Ao viajar de avião recentemente, atentei para uma questão: por que nos aviões somos orientados a ficar com o cinto de segurança durante boa parte do vôo, e, na maioria dos ônibus que fazem trajeto dentro da cidade, sequer vemos este item de segurança? Excesso de zelo na aviação ou descaso total no transporte urbano? Mais uma questão para reflexão...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Fiasco olímpico

Tirando algumas boas surpresas e outras confirmações, foi generalizada a sensação de decepção com o retrocesso do desempenho olímpico brasileiro. Tenho a humildade de não me arriscar a ser o comentarista de ocasião. Nem vou entrar no mérito dos questionamentos que começam a surgir quanto ao dinheiro investido no Comitê Olímpico Brasileiro. Aposto que se tivéssemos voltado recheados de medalhas, ninguém estaria questionando se o dinheiro foi aplicado corretamente. Claro que, se houve irregularidades e abusos, devem ser apurados e os responsáveis, punidos.

Mas infelizmente (ou felizmente) nem sempre o dinheiro investido em algum projeto é garantia de retorno na forma do resultado esperado. Digo "ou felizmente" porque também nos conforta saber que o sucesso não é dependente exclusivamente do dinheiro, o que nos permite sonhar alto, mesmo sem muitos recursos. Mas a ajuda financeira sem dúvida é um bom passo. Sou amplamente favorável ao aumento do investimento no esporte, e espero que o dinheiro que se comenta ter sido investido realmente tenha se refletido em melhoria de condições para os atletas brasileiros.

Arrisco dizer que o nosso grande problema em Pequim foi a falta de confiança. A síndrome do "amarelar na hora H". Pior era o sentimento de autopiedade, com declarações como "Para o Brasil, já foi um ótimo resultado", "Não dá para competir com eles nesse esporte, eles são imbatíveis", "Eles têm muito melhores condições no país deles do que nós no Brasil". Fosse assim, a Jamaica não poderia ter ficado à nossa frente no quadro de medalhas, nem Cuba. O grau de pobreza ou riqueza de um país frente ao nosso não pode servir de desculpa para mascarar nossos próprios erros.

Agora o que se deveria fazer é analisar e responder a algumas perguntas, por exemplo: dos países que ficaram à nossa frente, quais têm bons modelos de treinamento e incentivo ao esporte? Desses, quais têm mais a ver com a nossa realidade? Quais experiências podem ser implementadas aqui? O que fazer para que nossos atletas tenham mais segurança na hora em que realmente precisam demonstrar o que são capazes de fazer?

Só não podemos é deixar que duas coisas terríveis aconteçam: 1) que usemos a desculpa do fiasco olímpico para deixar de investir no esporte e nos nossos atletas, e 2) que nos acostumemos a achar que somos um povo derrotado, que pode sempre se escorar nas suas dificuldades para justificar erros que delas independem.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ausência

Queridos, o trabalho e a faculdade estão me deixando um pouco distante de vocês, não é? Mas ainda tenho muito a lhes falar sobre temas como política, administração pública, assessoria parlamentar, publicidade e divagações despretensiosas. As idéias estão florescendo, os rascunhos surgindo, só falta materializar aqui.

De recado, só reafirmo o quanto é gratificante poder ajudar a administração pública a ser mais eficiente! Cada cidadão satisfeito é um motivo de alegria para o meu coração, e assim deve ser para a maioria dos servidores públicos. Idéias e planos para adotar critérios práticos na medição do grau de eficiência da administração pública? Escrevam pra mim e contem! Vamos levar isso adiante, ok?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O caso Varig e a defesa do interesse nacional

Caros leitores, vale a pena ler a matéria da Agência Senado intitulada "Comandante diz que venda da Varig foi uma fraude", clicando aqui. É bom nos mantermos sempre informados para poder ver a quantas anda a defesa dos interesses nacionais, não é mesmo? Afinal de contas, até hoje a venda de uma companhia tão respeitada internacionalmente, que desbravou os caminhos da aviação nacional e levou o nome do Brasil para os hangares de todo o mundo não convence os milhares de ex-funcionários e os milhões de brasileiros que admiravam a empresa. O nome Varig é tão forte que, mesmo após anos de sua saída de operação, permanece vivo no coração dos brasileiros.


Aos publicitários: produtos infantis e reclamação

Caros colegas de profissão, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 5921/2001, que 'acrescenta parágrafo ao art. 37, da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que "dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências"'. Por essa ementa não dá para saber muito bem do que se trata, certo? Mas aí o sistema da Câmara acrescenta em seguida a explicação da ementa: "Proíbe a publicidade para a venda de produtos infantis". Pois leiam a notícia da Agência Câmara a respeito do assunto ou chequem a tramitação do projeto para poderem formar sua opinião. Por não ter estudado a fundo essa questão, não me considero apto a emitir algum parecer, mas a princípio a abordagem do projeto me pareceu um pouco restritiva demais.

Agora a reclamação: não pegou nada bem a campanha de certo cursinho preparatório da cidade que faz referência à história do padre paranaense que faleceu ao tentar voar amarrado a balões. Quando os colegas vão perceber que não é preciso esse tipo de humor na publicidade? Que mensagem está se passando ao público jovem, que pode vir a ingressar naquele curso? O publicitário precisa se dar conta da função social que exerce. O seu texto influencia, gera comportamentos e forma opiniões. E nesse sentido, também ofende, entristece e gera constrangimento. Humor é muito bem vindo, quando acompanhado de adequação e responsabilidade. O resto, é melhor guardarmos para nós mesmos ou, no máximo, exercitarmos em conversas de mesa de bar.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Politicômetro

Recebi a dica num informativo do Diap. Basta responder às perguntas para verificar em qual posição política você se enquadraria. O meu deu centro-esquerda liberal, e o seu? Está no site da Veja, é só clicar aqui.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Plantão médico

Caríssimos, já ouvi falar que é sempre muito bom ter um médico, um advogado e um mecânico na família. Como nem todos têm essa sorte, resolvi abrir esse espaço para falar desse assunto tão delicado que é o cuidado com a saúde. Não vou cair em lugares comuns do tipo: "pratique exercício!", porque sei que isso todos sabemos, e se não o fazemos temos plena consciência do mal que estamos causando a nós mesmos.

Quero ir um pouco além, e falar do caráter excessivamente comercial que vem ganhando a medicina nos últimos tempos. Alguns médicos muitas vezes acumulam um cargo público com outro em clínica privada, além do seu consultório particular. A minha pergunta é: qual a qualidade que se consegue oferecer ao paciente estando sempre atrasado para a próxima consulta ou prestes a partir para o próximo local de atendimento?

Mesmo quando em dedicação exclusiva a uma só clínica, o valor pago por cada consulta pelos convênios, em geral, não é satisfatório para o pagamento das despesas de algumas clínicas médicas, o que resulta em vários atendimentos por dia para poder manter a viabilidade financeira da clínica. Novamente o que se vê é um médico estressado, que mal tem tempo para tocar seu paciente.

No caso de dedicação exclusiva ao serviço público, o médico se depara com o baixo salário oferecido, se comparado com a iniciativa privada, além das outras especificidades próprias ao setor público. No mais, dentro do serviço público, no comparativo com as carreiras jurídicas, os médicos saem perdendo feio em termos salariais.

Que tal começarmos a pensar em algumas medidas para melhorar a qualidade do atendimento na saúde? Tomo a liberdade de sugerir algumas:

1. MAIOR ATENÇÃO DO MÉDICO COM O QUADRO GERAL DO PACIENTE. Muitas vezes o paciente procura o serviço de algum médico e, após a dificuldade para conseguir marcar uma consulta, ter que faltar ao trabalho etc., consegue ser atendido e é levado a crer que "não tem nada demais". Depois, aparece com uma doença em estágio avançado, e ouve de outro médico (ou até do mesmo que o atendeu inicialmente!) que deveria ter procurado ajuda anteriormente para aquele problema.

2. VALORIZAÇÃO E MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO PARA O MÉDICO. O médico, pela relevância de seu papel, não pode ficar à mercê de interesses econômicos de seus empregadores, nem se preocupar se o dinheiro que vai receber vai dar para pagar as contas no final do mês. Precisa ganhar bem e atender, COM TOTAL QUALIDADE, quantos pacientes tiver condições de atender.

3. INVESTIMENTO E AMPLIAÇÃO DO ATENDIMENTO MÉDICO. Falta ao governo investir na contratação de profissionais e na ampliação da rede de atendimento, bem como fiscalizar a qualidade desse atendimento na prática. O deputado, o secretário de saúde e outras autoridades precisam ir ao hospital público (e ao particular também, por que não?) para verificar como a população vem sendo atendida em cada unidade.

4. HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO. Muitas vezes o problema do paciente pode ser resolvido com uma conversa. Problemas de ordem psicológica provocam reflexos na saúde física do paciente. Por isso, ganharia a população e ganhariam os cofres públicos caso o governo oferecesse um atendimento de orientação psicológica com vocação social antes do atendimento médico propriamente dito.

E se algum leitor médico tiver maiores contribuições a oferecer, ou queira discordar de meus argumentos, o espaço está mais do que aberto. No entanto, aproveitando de seus conhecimentos e do conhecimento dos demais leitores, gostaria de perguntar a todos uma coisinha: Afinal, o uso de celular provoca câncer? Até que alguém dê uma resposta definitiva, é bom ficarmos atentos a essa questão do excesso de radiação emitida por vários aparelhos de nosso uso comum. Microondas, celular, computador... Quero todos nós com muita saúde e atuantes por muito tempo. E, para a tranquilidade dos hipocondríacos, não me excederei nas postagens sobre assuntos de saúde. Podem continuar visitando o blog sem problemas!

Adendo à postagem: O Jornal do Senado, em edição de 31 de março de 2008, fez um apanhado interessante sobre as medidas a serem adotadas pelo cidadão caso venha a ser vítima de erro médico. Vale a pena dar uma olhadinha por lá!

Por um novo "jeitinho" brasileiro

Quem nunca ouviu falar do "jeitinho" brasileiro? Pesquisa recente demonstrou que o brasileiro é conivente com o jeitinho, ao mesmo tempo em que repudia a corrupção. E a conivência com o primeiro alimenta, sem dúvida, a segunda. Num sistema de democracia representativa, como o nosso (e acho que até hoje não surgiu modelo melhor), nossos representantes eleitos são reflexo do que é a nossa população.

Ao atentar para esse fato, ainda muito novo, passei a desgostar do jeitinho. Me envergonhava aquilo ser motivo de orgulho para muitos dos compatriotas. A "tiração de onda" pela "malandragem" passou a me causar repulsa. O fulano que vier contar do benefício que conseguiu se aproveitando da inocência ou boa vontade alheia, ou ainda, pelo caminho oposto, do benefício que conseguiu encontrando alguém também "esperto" como ele na outra ponta da relação, contará com minha antipatia e reprovação, ambas imediatas.

Que o novo jeitinho brasileiro seja o do trabalho, do empreendedorismo, da eficiência, da qualidade no serviço público, da responsabilidade social da iniciativa privada, da capacitação constante dos empregados, da cortesia no atendimento e nas relações interpessoais, da humanização e do estudo como forma de desenvolvimento pessoal. Vamos todos ajudar a promover essa mudança!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A Especialização e o Koala Cego

Hoje este blog conta com a colaboração do leitor e advogado Alexandre Capilé, que nos envia seu artigo diretamente de Curitiba.

Muito obrigado, Alexandre! A todos vocês, boa leitura!

A Especialização e o Koala Cego

Alexandre Capilé

Vivemos a Era da Informação. Informação essa transmitida em maior quantidade e em menor espaço de tempo. Fronteiras culturais jamais estiveram tão frágeis, rendendo-se aos avanços, modismos e bizarrices das sociedades mais influentes sobre as mais frágeis. O acesso ao conhecimento nunca esteve tão democratizado e, ao mesmo tempo, restrito à condição financeira. Eis aí o primeiro paradoxo!

Na proporção que o conhecimento se difunde, ocupando a mente de um número maior de pessoas, ele se especializa, exigindo de seu possuidor uma definição por alguma área específica do conhecimento. Em miúdos, quanto mais há oferta à informação e acesso à ciência, maior é a exigência ao indivíduo de encarcerar-se em um determinado distrito, circunscrição, condado do mapa-múndi da ciência. Eis aí o segundo paradoxo!

As justificativas para esse crescente vôo baixo nas ciências são muitas. Existem os que alegarão inaptidão para o mundo do conhecimento, preferindo dedicar sua energia e boa vontade para um ponto definido, a se perderem na infinidade de ramos que constituem a ciência humana. Existem também os que alegarão a necessidade cada vez mais latente, no mundo competitivo em que vivemos, de ser bom em uma coisa ao contrário de ser mediano em vinte ou mais áreas, possibilitando, assim, uma segurança técnica (profissional) e, conseqüentemente, financeira. Existe quem alegue que a especialização lhe permitirá ferramentas físicas e psíquicas para contribuir com o desenvolvimento e aperfeiçoamento, bem como soluções para os impasses que assombram sua área de ação profissional.

Escondida em meio à desculpa (reconheço que essa é uma desculpa bem plausível e justificada diante dos dias conturbados e extremamente competitivos que vivemos) da necessidade de segurança, tem quem opte pela especialização em uma área determinada, objetivando o reconhecimento no meio de atuação profissional, satisfazendo assim o ego e lustrando de forma contundente a vaidade, já que a especialização permite um olhar clínico e aguçado diante dos problemas que preenchem diariamente os ramos de atuação de cada um.

Até aí, tudo bem. A coisa começa a complicar, no entanto, quando nos deparamos com o inegável fato que não há nada isolado no universo e que elementos tidos como antagônicos interagem intrinsecamente. A partir desse momento, a autoridade do especialista cai por terra, já que sua analise e parecer se tornam insuficientes para solucionar ou ao menos dar segurança a uma frente de trabalho que busque solucionar questões complexas.

Não digo que devamos ser especialistas em vinte ou mais frentes, até porque é humanamente impossível dado o fato da vida nos exigir invariavelmente decisões e responsabilidades que nos forçam a inclinarmos para um ponto específico. Mas seria sim de bom grado que buscássemos ao menos algum conhecimento, por mais genérico que fosse, sobre áreas diversas das habitualmente exercidas, com a finalidade de agilizarmos a mente para situações diversas das que estamos acostumados a gerir (fato incontestavelmente corriqueiro da vida) e principalmente, afiarmos as mais eficientes armas que o homem pode dispor no trabalho de prevenção de equívocos e ações mal orquestradas: a RAZÃO e o BOM SENSO!

É sabido que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose ministrada, ou seja, tudo em excesso ou em insuficiência é prejudicial. Com a razão e o bom senso não. Eles são ferramentas que, quanto mais usadas, melhor!

Não entenda o uso dessas ferramentas, de forma abusiva, como um padrão estabelecido de ceticismo! A razão deve ser usada no sentido de que toda e qualquer informação que chegar deve ser confrontada com o conhecimento técnico, genérico e de vida, adquirido até o presente momento, juntamente com o bom senso e não no sentido de negar toda e qualquer informação ou fato que lhe pareça estranho. Se assim proceder, estará o individuo perigosamente se colocando no curso do chamado ceticismo cego e, por que não dizer, burro!

A razão e o bom senso são ferramentas poderosas que auxiliam o sujeito na tomada de decisões, diminuindo as chances de insucesso, bem como evitando que este se torne parte de cenas (situações) que venham trazer sofrimento a ele e a terceiros, muitas vezes de forma quase que gratuita. Ou seja: a composição de situações desequilibradas, das quais o individuo não tem controle e que poderiam plenamente ser evitadas se este lançasse mão da razão e do bom senso.

A especialização do conhecimento, sua “democratização” e o crescente acesso à ciência de um modo geral propiciam um desenvolvimento desta a passos largos, em contra-partida a um fenômeno no mínimo inusitado: um número maior de donos da verdade. Mentes cheias de elementos que amparam e substanciam argumentos, por mais extravagantes que possam parecer, produzindo assim uma multiplicidade de saídas e soluções para verdadeiras sinucas de bico, surgidas no dia a dia, adquirindo o ar de verdades e passando para os incultos e mais desajuizados a cultura do determinismo.

O número crescente de detentores da verdade só explicita a distância cada vez maior que esta toma de seus aparentes “donos”. Tomado também pela busca da verdade, seja ela qual for, me arrisco a dizer que, quanto mais o sujeito realmente sabe, mais ele tem consciência que nada sabe. Essa é a verdade!

Agnelo no PT?

O ex-ministro dos Esportes, ex-candidato a Senador e maior nome do PCdoB local, Agnelo Queiroz, assina ato de filiação ao PT nesta quarta-feira, 9 de julho, às 19h. É o que diz nota que recebi, assinada por "Amigos de Agnelo Queiroz". O evento acontecerá no Teatro dos Bancários de Brasília (EQS 314/315, Bloco A, Asa Sul).

O que isso representa politicamente? Que o PT local iniciou seu processo de fortalecimento para 2010.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Erros de redação na Publicidade

Queridos, essa postagem serve mais como um pequeno puxão de orelha nos colegas publicitários. Não é de hoje que reparo - sem mencionar os diversos comentários que chegam a mim sobre o assunto - nos erros grosseiros de ortografia e/ou revisão em peças publicitárias de todos os tipos de mídia. Culpa do redator, do cliente, do revisor, do diretor de criação? Não importa. O que importa é que a publicidade serve de exemplo. O texto publicitário atinge um público em grande escala, e muitas vezes vai persuadir e influenciar posições. Logo, a mensagem é feita com o intuito de ser "gravada" pelo receptor. E a gravação de um erro estimula duas condutas: a indução ao erro ou a sensação de permissividade com o erro. Ou vai se achar que aquela grafia errada é certa, ou vai se pensar: Poxa, se nem esse pessoal que faz texto pra revista tem zelo com o que escreve, por que eu preciso ter?

O papel de educador do publicitário vai além do que ele próprio imagina.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Políticas públicas (e midiáticas) para a promoção da higiene

Caríssimos, é muito bom poder me dedicar a escrever algumas palavras a vocês novamente. Creio que nossos encontros se darão de forma menos esporádica, já que finalmente entrei de férias da faculdade. Ainda não sei minhas notas, mas espero ter conseguido aprovação em todas as matérias. Mas chega de conversa e vamos ao que interessa!

Hoje gostaria de abordar um tema sobre o qual nunca tratei antes, mas já deveria tê-lo feito: a questão da higiene. E o que me motiva a escrever sobre o assunto são duas questões: a educação que tive em casa e na escola, em contraste com o que tenho visto acontecer em banheiros de locais públicos atualmente.

Recebi quando criança uma educação muito sólida no que diz respeito à higiene. Fui ensinado desde pequeno a lavar as mãos ao sair do banheiro, ao chegar da rua, antes das refeições e do manuseio de qualquer alimento. Lembro que a higiene não guarda relação com classe social, e sim com a educação. Posso até me arriscar a afirmar que a professora de escola pública tem as mesmas condições de ensinar sobre a necessidade de lavar as mãos com sabão que a professora de escola particular. A mãe de baixa renda tem também essa mesma possibilidade, frente a uma mãe mais abastada. Vejo pessoas saírem do banheiro sem lavar as mãos, ou o fazendo só com água (o que não mata germe algum, pelo contrário), independentemente de seu grau de instrução ou quantidade de dinheiro na conta bancária.

Ou seja, milhares de pessoas, de todas as camadas sociais, adquirem infecções intestinais e outras patologias devido a uma falta de hábito crônica, um descuido na educação. Ao não utilizar o sabão após o uso do banheiro, a pessoa manuseia alimentos com todas as bactérias com as quais teve contato no momento anterior. Se o alimento for consumido só por ele, o mal atinge apenas uma pessoa. E se ele for o cozinheiro de um restaurante? Afetará a ele e espalhará o mal numa progressão assustadora. Resultado: pessoas doentes, com a qualidade de vida prejudicada, mais idas ao hospital, mais faltas ao serviço. Ou seja, o cuidado com a higiene, além de trazer benefício social, importa também em maior produtividade ao empresário, que verá menos funcionários ausentes ao serviço. Será que não seria hora de dedicar mais atenção à higiene?

E por que então não divulgar campanhas massivas de educação sobre o assunto? Fora algumas tentativas esparsas com matérias em jornais e revistas e um ou outro programa televisivo que ensina boas dicas, geralmente em caráter técnico e não contextualizado, a sociedade parece lavar as mãos a respeito do tema.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dia dos Namorados

Apesar de toda a aversão que tenho (mas que, pela formação publicitária, não deveria ter) a datas puramente comerciais, que cumprem a sua função de estimular a economia impulsionando as vendas no varejo, comemorarei com muita felicidade essa data afetivo-comercial. Comprei até presente, com grande felicidade e sem chorar a dor no bolso. E sabem por que? Por amar cada dia mais a linda namorada e companheira que tenho ao meu lado.

Mas essa conversa mole não é capaz de me redimir do chá de sumiço que andei tomando nesses últimos dias. Por isso, o blogueiro aqui pede desculpas a todos vocês, amigas e amigos queridos. O que eu gostaria, na verdade, é de manter esse nosso contato diariamente, mas nem sempre consigo tempo, após o cansaço de um dia de trabalho e uma noite de estudos, para tentar escrever algo que possa ser interessante a vocês.

Para se ter uma idéia, estou longe das mixagens em festas, mesmo as de amigos, desde dezembro do ano passado; não faço uma redação ou revisão de texto há algum tempo e sequer escrevi algum artigo esse ano. Ver a família, os amigos e passear anda sendo coisa rara. Ando devendo participação mais intensa também na vida partidária. A saúde deu alguns sinais de fraqueza. Sinal de que é hora de parar com alguma coisa. Com o blog? Não consigo. Com o trabalho? Não posso. Com a namorada? De jeito nenhum. Restou a graduação, que por ser a segunda mesmo, pode ser concluída de maneira mais vagarosa. Portanto, fica de público anunciado que pegarei poucas matérias no semestre que vem, pelo meu bem e a bem do convívio familiar que acredito que todos precisam e devem ter. E, claro, para fomentar um pouquinho do ócio criativo também.

E nesta uma hora e meia de dia dos namorados, quero ver todos vocês amando, se não algum(a) namorado(a), que seja a Deus, a todos e a vocês mesmos. Não há sentimento mais puro e belo do que o amor, diria algum frasista clichê. Vou além, buscando uma definição: o amor é aquilo de mais bonito e que melhor pode conferir o aspecto concreto, ainda que não claramente palpável (por não se poder limitar), da palavra sentimento.

sábado, 17 de maio de 2008

Revisando o texto...

Projetos de maior amplitude andam me tirando de algumas atividades que sempre gostei de desempenhar, ainda que apenas como hobby, entre elas a redação, a revisão e até mesmo as mixagens. A primeira que pausei foi a revisão, por um motivo muito simples: ninguém gosta de ter o seu texto alterado (e ainda ter que pagar algum dinheiro por isso). Num agradabilíssimo encontro de blogueiros brasilienses, ouvi esta pérola que me fez chegar à conclusão de que realmente não devo retornar à atividade tão cedo. Ótimo final de semana pra vocês!

Da funcionária da editora para a revisora:
- Olha, você tirou toda a essência do texto do nosso escritor.

- Mas o texto estava completamente errado, não dava para entender nada...

- É essa a essência dele.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Comunicado sobre o VW Fox

Caros amigos, a respeito da nossa postagem anterior sobre o problema no VW Fox, recebemos nesta terça-feira (13/05/2008) o comunicado da Volkswagen transcrito abaixo.

COMUNICADO VOLKSWAGEN

A Volkswagen do Brasil informa que, durante reunião com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), Ministérios Públicos de São Paulo, Santa Catarina e Bahia, Ministério Público Federal e Procon de São Paulo, assinou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pelo qual a empresa se compromete a realizar o recall do modelo Fox, readequando o mecanismo de ampliação do porta-malas.

Esclarecimentos adicionais sobre a ação estão sendo veiculados em todas as mídias. Além disso, estão disponíveis uma Linha Direta Especial pelo telefone 0800 019 8866 e um hotsite exclusivamente dedicado ao assunto no endereço:
www.vw.com.br/bancotraseirodofox

Central de Relacionamento com Clientes
Volkswagen do Brasil Industria de Veículos Automotores Ltda
Via Anchieta Km 23,5 CPI: 1048
Bairro Demarchi - São Bernardo do Campo - SP
CEP: 09823-901

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Quanto valia a Vale?

Essa é uma pergunta que muitos dos cidadãos brasileiros preocupados com nosso País vêm fazendo há vários anos. O fato é que não esqueceremos aquele processo de privatização, tido como emblemático exemplo da falta de atenção, por parte dos governantes, ao que realmente pensa a população brasileira. Sorte que temos gente importante que faz questão de não esquecer daquele incidente: o senador Pedro Simon (PMDB-RS) - leia a notícia abaixo - fez pronunciamento no qual pede investigação daquele processo. O que nos deixa feliz em saber que ainda temos muita gente boa nesse País nos representando no Parlamento.

Boa semana a todos!

(09/05/2008)

Simon quer investigar corrupção na privatização da Vale

Senador analisou diferença entre a avaliação e o preço real da empresa

As denúncias de que a privatização da Vale do Rio Doce esteve envolvida em pagamento de propinas a funcionários do governo da época, foram lembradas hoje pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS). Em discurso no Senado, o parlamentar mencionou o negócio da privatização daquela que à época já era considerada a segunda maior mineradora do mundo, com o termo auto-explicativo “privataria”, consagrado pelo jornalista Elio Gaspari.

Conforme Simon, “temos que voltar a analisar o que aconteceu lá na privatização, quando até um ministro caiu (referência a Mendonça de Barros, das Comunicações, que renunciou no plenário do Senado, após discurso do senador Simon) um momento envolto em mistério que a história vai julgar”. O senador destacou citou que todos os jornais, todas as revistas semanais noticiaram a possível participação do governo na montagem do Consórcio Brasil, por intermédio do diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, “aquele que ficou conhecido pela frase ‘estamos no limite da responsabilidade’.

Avaliação duvidosa - Para Simon, uma investigação deverá esclarecer os métodos utilizados pela empresa norte-americana Merril Lynch para avaliar o preço da Vale do Rio Doce. “É impossível, diz Simon, que os economistas dessa empresa sejam tão incompetentes a ponto de chegar a um valor menor que o lucro atual da empresa em apenas três meses? Erro de cálculo? Orientação política direcionada? Má-fé? A pergunta está no ar”, acrescentou o parlamentar. Simon destacou ainda que “o economista norte-americano Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia e ex-Vice-Presidente do Banco Mundial, insuspeito, portanto, foi ainda mais longe. Chamou o processo, Presidente, de propinização. Propinização: estatizar a propina, e não privatização”.

O senador lembrou a capa da revista Veja, edição de oito de maio de 2002: Propina na privatização - Ricardo Sérgio de Oliveira, o homem dos fundos de pensão, ex-caixa da campanha do tucanato, e a história dos R$15 milhões pedidos ao consórcio que comprou a estatal Vale do Rio Doce. Dois ministros confirmam a história: R$15 milhões na Vale. O controle acionário da mineradora foi vendido por R$ 3,3 bilhões, enquanto que somente nos últimos cinco anos, os lucros líquidos da Vale chegaram a R$ 55 bilhões.

Fonte: Assessoria de Imprensa

sábado, 26 de abril de 2008

Quem paga o preço?

A história já virou rotina para moradores de quadras como a 402 sul, 109 norte e tantas outras, repletas de bares e restaurantes movimentados: ao chegar do trabalho ou da faculdade, o morador não encontra vaga para estacionar e ir para casa, o que o leva a deixar o carro estacionado de forma irregular. Em seguida chega a fiscalização e, com isso, o multado não é o visitante, e sim o morador, que reside ali e precisa colocar seu carro em algum lugar.

Enquanto não se discute uma solução definitiva para a falta de estacionamento em Brasília, espero que ao menos o Detran esteja usando o bom senso de acatar os recursos impetrados por cidadãos que anexem comprovante de que residem nas quadras em que foram multados. É uma forma paliativa, eu sei. Mas ajuda a reduzir o desconforto indevido no bolso do trabalhador brasiliense, que merece ao menos ter onde deixar o seu carro ao chegar em casa.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A coisa pública não é privada

Uma pequena prova de que há muito para se mudar em nossa cultura: o estacionamento de uma grande faculdade de Brasília, quando aparentemente privado, era um brinco. Possuía vigilância constante, era bem cuidado e, fora um ou outro transgressor compulsivo, tinha suas demarcações de vagas respeitadas. De um semestre para outro, as cercas ao redor do estacionamento foram arrancadas, a vigilância foi reduzida e, na sua entrada, foi colocada uma placa: ESTACIONAMENTO PÚBLICO GRATUITO.

Foi o suficiente para que o mato começasse a crescer, o lixo a aumentar e algumas pessoas passassem a parar os carros desordenamente, bloqueando os acessos antes existentes e prejudicando o fluxo de carros no local. Detalhe: vagas efetivamente não faltam, mas ninguém quer ter que andar muito, não é? Devem pensar: "bom, se o bem é público, não é de ninguém. Logo, ninguém vai reclamar por esse carro estar obstruindo a via, em um local em que não se poderia estacionar". Essa parcela que não respeita tais valores deve mesmo achar que a coisa pública é uma privada. Espero sinceramente que, até a conclusão de seus cursos de graduação, mudem de raciocínio.

Compartilhe!

Se você se sente desrespeitado pelo uso privado do que é público, escreva para o blogueiro (contato@blogdoalexalves.com.br) para que possamos compartilhar esse sentimento. Publicando aqui, quem sabe a gente não sensibiliza alguns cidadãos e autoridades a respeitarem mais o que é público?

domingo, 13 de abril de 2008

Panela da Alegria




Altamente positiva a atitude da Vicky Tavares e da Michelle, que com enorme carinho cuidam da ONG Vida Positiva, que oferece toda a cidadania, amor e assistência a crianças portadoras do vírus HIV. Dia 26 de abril, um sábado, na churrascaria Chamas Grill, haverá o Panela da Alegria, onde a R$ 70,00 por pessoa poderemos almoçar bem e ajudar a arrecadar fundos para a entidade. Estarei por lá, se Deus quiser. Quem puder ajudar, basta entrar em contato comigo ou diretamente com a instituição, pelos telefones (61) 3034-0947 e 0948, ou ainda pelo e-mail vida-positiva@hotmail.com.

quarta-feira, 26 de março de 2008

A polêmica das células-tronco

Caros amigos, recebi essa mensagem de um amigo, pessoa de fibra e por quem guardo grande carinho e admiração, e achei por bem fazer ecoar aqui no blog. Certos assuntos são polêmicos demais para afirmarmos possuir embasamento técnico em defesa de determinada posição. Muitas vezes, falamos apenas pela fé e pela convicção. Respeito as de todos, e compartilho com vocês as minhas: a fé em Deus e a convicção de que temos cientistas bem intencionados e preocupados em ajudar a melhorar as nossas vidas. Segue a mensagem, adaptada:

"Convidamos a todos para um grande ato em defesa das pesquisas com células-tronco embrionárias. Vamos dar um abraço simbólico ao Supremo Tribunal Federal. Soltaremos balões e quem for receberá uma camiseta.

Já vai fazer um mês que o julgamento no Supremo Tribunal Federal foi adiado. No dia cinco de março, os ministros do STF se reuniram para decidir se o Brasil poderia ou não fazer pesquisas com células-tronco de embriões. Mas o ministro Menezes Direito pediu mais tempo para analisar o caso.

Compareça!
Local: em frente ao Supremo Tribunal Federal
Data: 05.04.2008 - Horário: 10h
Contato: Juliana Alvim (61) 9966-2341
Movimento em Prol da Vida"

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Universidade e o sonho

Algumas pessoas no nosso Brasil sempre se destacaram por um ideal em comum: o compromisso com a educação. Entre elas, não se pode deixar de mencionar Leonel Brizola, no âmbito administrativo e político, que como chefe do Poder Executivo de dois Estados, priorizou a construção de escolas em suas gestões, trazendo a educação como forte bandeira política. Ao seu lado estava Darcy Ribeiro, que emprestou sua obra acadêmica e sua bagagem intelectual à vida política e à administração universitária brasileiras. Apesar de termos perdido essas duas figuras de expressão ímpar, a lacuna na seara política foi preenchida pelo professor Cristovam Buarque, senador pelo Distrito Federal, que faz da educação sua principal forma de luta.

A associação do trabalhismo brasileiro com a educação é perene e sólida. Ao verificar a força com a qual a Internet surgia como meio alternativo de comunicação de massa, Brizola e seus homens de confiança passaram a planejar uma forma de levar a educação, por meio dessa e de outras mídias de baixo custo e grande acesso, a boa parte da população do País. Como expressão dessa preocupação, surgiu a Universidade aberta Leonel Brizola - ULB, comandada em nível nacional pelo Secretário Geral do partido e Presidente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (FLB-AP), Dr. Manoel Dias.

A Universidade, que tem o claro objetivo de "inundar o país de consciências esclarecidas" - frase de Brizola que serve de mote aos pedetistas envolvidos no projeto -, consolida-se neste ano de 2008 em várias áreas do DF. Espero que, dentro de muito pouco tempo, também no Plano Piloto. Posso, no entanto, falar com alguma propriedade sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido na região de São Sebastião pelo coordenador distrital da Universidade, o economista e professor Nestor Borba.

Borba, de origem gaúcha, esteve ao lado de Brizola nas suas campanhas nacionais. Pedetista e brizolista autêntico, tirou de seu próprio bolso os recursos para viabilizar uma tele-sala. Hoje, oferece a programação da ULB para toda a comunidade interessada. Com minhas falhas e limitações, procuro ajudá-lo no projeto. Mas a minha maior felicidade é ver que, ao lado dele, além deste blogueiro, vários outros correligionários se alinham - e tiram de recursos próprios, se for preciso - as condições necessárias para permitir a concretização do sonho iniciado pelo trabalho de Brizola.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

É o uso do cachimbo que entorta a boca

Antônio Leitão é um professor e jornalista brasiliense, que apresenta três características pelas quais logo ganhou minha simpatia: primeiro, seu espírito empreendedor, que nunca o deixa parar de lutar; segundo, o fato de ser um correligionário meu, do PDT; e, por último, o fato de, sendo cego, enxergar mais do que muita gente, como podemos ver no trecho do artigo que reproduzo aqui:

É o uso do cachimbo que entorta a boca

Antônio Leitão

Como já dissemos, cargo público não é concessão de uso, mas oportunidade de realizações, e estas realizações ocorrerão na medida em que o ocupante do cargo quiser tornar republicanos os conhecimentos adquiridos através do desenrolar de sua vida em convivência interativa com as experiências do coletivo.

Como sempre dissemos, o maior problema do Brasil é conceitual, pois os parâmetros de construção dos nossos conceitos, tradicionalmente, são as conveniências, não as convicções. Por isso, não é nada difícil encontrar equívocos primários no desempenho dos nossos papéis sociais.

(...)

Faz-se necessário entender que vários desmandos só acontecem por causa das reminiscências da ditadura onde, hoje, por que a coisa pública "não pertence a ninguém", locuplete-se quem puder. Esses senhores têm a obrigação de compreender que, necessariamente, tudo aquilo que é público, irrevogavelmente, tem destinação coletiva, isto porque é propriedade de todos e tem que ser respeitado como tal.

E, se formos refletir, atendendo aos desígnios do bom senso, dificilmente existe uma propriedade privada que não viva em função das causas coletivas. O fato é que, enquanto não nos livrarmos das nossas convenientes concepções defeituosas, teremos que amargar estas malfadadas farras com o erário. É bom salientar que, da mesma forma que em outras situações semelhantes, é preciso entender que mau não é o cartão corporativo, mas o uso gatunal deste.

Depois de acontecimentos como estes, quanto mais o tempo passa, tanto melhor somos forçados a perceber que nem leis nem religiões são capazes de delinear caráter de ninguém... Mesmo porque não existe elaboração coletiva nem para estas nem para aquelas, e isto, com certeza, dificulta em muito a adesão de suas responsabilidades nas respectivas execuções.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Segurança no Trânsito

Amigas e amigos, compartilho com vocês mais um texto a respeito de tema que tratamos por aqui e que só tem a contribuir para o nosso debate. O texto, publicado no jornal Correio Braziliense de 21 de fevereiro de 2008, é do Doutor David Duarte Lima, professor da UnB e presidente do Instituto de Segurança no Trânsito.

Teoria e prática

David Duarte Lima

Há muito se sabe da escandalosa violência do trânsito brasileiro. Todos os anos cerca de 40 mil pessoas morrem e 500 mil ficam feridas. Após cada feriado, quando centenas de vidas ficam pelas estradas, aguardamos das autoridades, por meio da imprensa, a contabilidade funesta dos desastres. E os culpados? Como sempre, segundo a versão oficial, os motoristas.

Depois do aumento da mortalidade no último ano, além dos motoristas, encontrou-se mais um culpado: o Código de Trânsito Brasileiro. Na percepção do governo, aos 10 anos o código envelheceu. Parece fraco, ineficaz. As penalidades ali previstas não assustam mais. Diagnóstico feito, o governo federal prorrompeu em reformá-lo. Resolveu endurecer nos dois principais fatores causadores de acidentes de trânsito: o álcool e a velocidade. Para o primeiro, editou medida provisória (MP) que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos ao longo das rodovias federais.

Para os motoristas que afundam o pé no acelerador propõe uma lei que altera o código, atualizando o valor das multas e elevando a gravidade das infrações, inclusive tornando crime algumas reincidências. A MP do álcool já entrou em vigor. As alterações da lei ficarão um mês em consulta pública e depois serão encaminhadas para exame do Congresso Nacional. Na melhor das hipóteses, entrarão em vigor em um ano. Aparentemente, portanto, o governo acertou no cravo e na ferradura. Porém, um exame mais acurado das medidas mostra falhas imperdoáveis para quem deseja promover a segurança no trânsito.

A proibição da venda de bebidas às margens de rodovias foi feita de afogadilho, na urgência de dar resposta rápida a problema crônico. Como conseqüência, as imperfeições da medida são evidentes. É razoável retirar os policiais da fiscalização das rodovias para outras atividades? O Brasil é um país muito diverso, com situações extremamente variadas. Como diferenciar os supermercados próximos às rodovias? E os shoppings? Pior: qualquer motorista pode entrar 200 metros em uma cidade próxima à rodovia, ingerir bebida alcoólica e voltar a dirigir. A lista de problemas da nova regra é tão extensa quanto as dificuldades de sua aplicação.

O correto seria fiscalizar o condutor, como é feito em todo o mundo. Para isso, é preciso ter estratégia de fiscalização eficiente e inteligência nas ações. Os policiais precisam ser treinados para reconhecer um condutor com alterações no comportamento pela simples observação do modo de conduzir. A Polícia Rodoviária precisa multiplicar seus equipamentos, ter etilômetros e bafômetros e os membros permanentemente treinados e atualizados.

Inegavelmente grande parte dos desastres tem a ver com excesso de velocidade. Porém, nem tudo o que ocorre nas estradas é culpa do motorista. O estado da malha rodoviária é precário, quase impróprio para viagens. O próprio Estado reconhece sua incompetência quando coloca uma placa "Atenção: curva perigosa". Há trechos onde a ocorrência de acidentes é freqüente. Apesar do risco evidente, o Estado leva décadas para atuar. Fazer uma maquiagem na lei parece mais fácil.

Endurecer o Código de Trânsito não é a solução. Ele já é suficientemente rigoroso. Dirigir sob influência de álcool é crime. Segundo o artigo 306, essa infração dá detenção de seis meses a três anos. O infrator contumaz que atinge 20 pontos, além de multas e a obrigação de freqüentar curso de reciclagem, perde a carteira de habilitação por determinado prazo. Se voltar a dirigir no período, pode pegar de seis meses a um ano de detenção e multa. Não há notícia de aplicação desses artigos. Estimativas recentes dão conta de que todos os dias centenas de milhares de motoristas dirigem embriagados no Brasil. Alguém foi flagrado? No caso do trânsito brasileiro, um grama de ação valeria mais que uma tonelada de leis.

Para que a lei seja respeitada, é preciso haver certeza de punição. A penalidade deve ser suficientemente forte para desestimular o cometimento de infração. Não precisamos punir exemplarmente os poucos motoristas flagrados em infração. Precisamos punir todos os motoristas que cometerem infração com penalidades justas. Como sabemos, a diferença entre o remédio e o veneno pode ser a dose.

O código precisa de aperfeiçoamentos, é certo. Mas que sejam feitos sem açodamento, com a participação efetiva do Congresso Nacional e da sociedade. Por melhor que seja, se não for colocada em prática, a lei se converte em carta de boas intenções.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Febre de Leis

De grande pertinência esse editorial do Globo de 17 de fevereiro. Para quem não lembra, já tratamos do assunto aqui. Está passando da hora de trazer esse debate à tona.

FEBRE DE LEIS

O Globo - Editorial

17/02/2008

A fúria legiferante brasileira é tema permanente. Não é necessário usar efemérides como os 20 anos da promulgação da Constituição - ela própria um exemplo de detalhismo inócuo do legislador - para voltar-se ao assunto. A mesma visão que permeia a Constituição de 1988 pode ser constatada a qualquer momento na vida pública do país. Se o constituinte de 87 quis até mesmo tabelar os juros na Carta, além de, por meio dela, tentar erradicar a pobreza - erro de visão cujos males afetam a economia até hoje -, o legislador e a autoridade do Executivo de 2008 não ficam atrás.

Um caso atual e pedagógico é a cruzada empreendida pelos ministérios da Saúde e da Justiça contra o consumo de álcool. Não pelos objetivos da campanha em si - um deles, afastar bebidas de quem dirige -, mas pelos instrumentos que utilizam. A primeira e única reação da autoridade diante de um problema é, na melhor tradição legiferante brasileira, baixar um decreto e/ou propor um projeto de lei ao Congresso Nacional.

Levantamento antigo, ainda do tempo do governo FH, contabilizou a existência de quase 28 mil leis - hoje, um número seguramente maior. Conclusão óbvia: não será por falta de legislação que existe insegurança nas cidades e no campo, que o trânsito é violento, e assim por diante.

Mas os governos insistem. Ao combater o alcoolismo em geral e especificamente o consumo de bebidas no trânsito, o ministro José Gomes Temporão investe contra a publicidade. Já o seu colega Tarso Genro fecha - por lei, claro - estabelecimentos comerciais à beira das estradas.

O resultado prático é que o alcoólatra continuará alcoólatra e quem quiser beber antes de pegar o volante o fará sem constrangimento. A ação do Estado, portanto, é estéril. Menos na outra ponta dessa história: comerciantes, agências de publicidade, mídia, são todos prejudicados nas suas atividades.

E por uma razão: é mais fácil para o poder público baixar novas leis do que fazer cumprir as que existem. No caso, se o Código de Trânsito Brasileiro fosse seguido, se multas efetivamente fossem lavradas e penas, cumpridas, esses problemas não existiriam.

A febre legiferante interage com a sanha intervencionista, outro viés do Estado brasileiro. E as duas, por sua vez, se potencializam numa sociedade com um pedigree de cidadania ainda pouco apurado, em que lei e imposto são sempre para o vizinho. É crucial ter-se consciência desse nó górdio, para sairmos do círculo vicioso de um Estado que legisla e que finge que fiscaliza um cidadão que finge que cumpre a lei.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Trabalho e dignidade

É ponto pacífico na mentalidade social do século XXI - e desde muito tempo atrás - que o trabalho é um dos pilares da vida humana. Por meio dele, seja em suas vertentes mais operacionais ou naquelas mais intelectualizadas, a exemplo da vida acadêmica e das atividades de pesquisa, fomos levados a construir o mundo tal como é hoje.

Mas o que se tem notado na consagração do modelo econômico capitalista é a banalização da atividade laboral. O trabalho como ferramenta para a realização e consecução dos objetivos individuais e sociais cedeu lugar ao trabalho única e exclusivamente pela necessidade.

Hoje, o homem trabalha para poder consumir, em maior ou menor grau, aquilo que possa satisfazer as suas vontades individuais e demandas sociais das quais se vê carente. Não raro, o trabalho lhe consome todo o dia, sem que ele tenha como perceber que deixa de dar atenção aos motivos que o fazem trabalhar. O homem acaba por esquecer que é humano, e se mistura à engrenagem da máquina que opera em seu dia a dia.

Por esse motivo, considero que surgem em boa hora propostas como a das Centrais Sindicais, em busca da redução da jornada de trabalho sem redução da remuneração. Com o elevado peso da carga horária atual, o trabalhador acaba por deixar de lado a sua individualidade e o seu convívio familiar, privando-se, ainda, das oportunidades de aperfeiçoamento por meio do estudo, que - parece ironia - é uma das exigências do mercado de trabalho para a sua melhor colocação profissional.

No entanto, o pequeno empresário não tem como arcar com o ônus da redução da carga de trabalho sozinho. Não bastasse o excesso de tributação, o empresário brasileiro se vê preso a grandes amarras burocráticas para atuar dentro da legalidade. Portanto, se não for oferecida alternativa viável para reduzir o impacto desta medida junto ao empresariado, é possível que a negociação da redução de jornada fique apenas no papel.

Como forma de melhorar esse quadro e trazer mais dignidade ao trabalho, é necessário, de um lado, que o ser humano entenda o seu papel como trabalhador e a importância que detém como tal. E, por outro, que seja promovida nova humanização das relações de trabalho, adequando às normas à vida do cidadão de hoje, a exemplo do que foi, à época, a implementação das garantias previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Quanta diferença!

Lembram do assunto do Fox, que trouxemos ao debate aqui no blog essa semana? Dêem uma olhada nessa matéria e vejam porque os parabéns do nosso blog vão para a Ford.

Ford vai destruir picapes em recall inédito

Do Correio Braziliense

16/02/2008

Um recall inédito começou esta semana no país. Em vez de substituir ou consertar a peça com defeito, a montadora vai recolher os veículos e destruí-los. O caso envolve a Troller, fabricante de jipes e picapes adquirida pela Ford no ano passado. Ao todo, 77 unidades da picape Pantanal, modelos 2006 e 2007, serão retiradas de circulação por riscos de trincas no chassi. A Ford recomenda a imobilização do veículo e avisa que se encarregará de guinchá-lo e de indenizar o proprietário.

Segundo a Ford, que em janeiro do ano passado comprou a Troller, empresa do brasileiro Mário Araripe instalada em Horizonte (CE), “há riscos de aparecimento de trincas do chassi que, com o tempo, podem se propagar e comprometer sua durabilidade e integridade”. Em testes realizados pela empresa e por relatos de clientes, foi constatada ainda a possibilidade de perda de estabilidade e controle direcional em manobras bruscas, podendo causar acidentes.

As 77 unidades correspondem à produção total da picape Pantanal, lançada no início de 2006 e retirada de linha no fim do mesmo ano.

Algumas unidades foram vendidas como modelo 2007. Depois de recolhidos, os veículos deverão ser destruídos, informou um porta-voz da Ford. A montadora se dispõe a pagar cerca de R$ 67 mil pelo veículo, mais custos adicionais em caso de benfeitorias acrescentadas ao modelo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Vida Positiva

Uma instituição sobre a qual só vejo notícias boas é a Vida Positiva, em Taguatinga, comandada pela boa alma de Vicky Tavares. Atualmente, a ONG cuida de 23 crianças portadoras ou filhas de portadores de HIV, oferecendo boa alimentação, abrigo e a medicação para o tratamento. Iniciativas desse tipo podem sempre contar com o apoio deste blog.

VW Fox

Como o desrespeito ao consumidor é tema recorrente abordado neste blog, que tal essa: O VW Fox possui um mecanismo em seu porta-malas que já causou ferimentos sérios ou mutilações dos dedos de mais de 9 pessoas (número daquelas que chegaram a registrar o fato de alguma maneira). Somente agora a coisa está tomando corpo e as notícias passaram a ser veiculadas na grande imprensa. E a VW, empresa há tanto tempo presente e respeitada no país, o que vai fazer sobre o caso? Uma retratação pública, um procedimento de recall e o pagamento de indenização às vítimas não seria o mínimo? O blog e o Brasil aguardam providências.

Mais informações no site da Época e no Vrum.

ADENDO EM 13/05/2008:

O blog recebeu comunicado da VW sobre o assunto. Leia a nota abaixo:

COMUNICADO VOLKSWAGEN
A Volkswagen do Brasil informa que, durante reunião com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), Ministérios Públicos de São Paulo, Santa Catarina e Bahia, Ministério Público Federal e Procon de São Paulo, assinou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pelo qual a empresa se compromete a realizar o recall do modelo Fox, readequando o mecanismo de ampliação do porta-malas.
Esclarecimentos adicionais sobre a ação estão sendo veiculados em todas as mídias. Além disso, estão disponíveis uma Linha Direta Especial pelo telefone 0800 019 8866 e um hotsite exclusivamente dedicado ao assunto no endereço www.vw.com.br/bancotraseirodofox.

Central de Relacionamento com Clientes.
Volkswagen do Brasil Industria de Veículos Automotores Ltda

Via Anchieta Km 23,5 CPI: 1048
Bairro Demarchi - São Bernardo do Campo - SP

CEP: 09823-901

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Profissão: Concurseiro

Amigas e amigos, tanto o autor quanto algumas ilustres visitantes deste blog já comentaram a respeito dos prejuízos da "profissão" de concurseiro por si só, sem um objetivo maior de prestar um bom serviço público. Já pude presenciar situações do tipo: "Olha, estou tomando posse aqui hoje, mas só ficarei 15 dias. Aguardo a nomeação em outro concurso que deve sair na próxima semana." Direito justo e adquirido o do cidadão que prestou vários concursos públicos, em tendo sido aprovado, assumir no que lhe parecer mais vantajoso. Todavia, há de se questionar: essa troca constante de cargos é interessante para o País? A pessoa que passa 15 dias num órgão dificilmente chega a assimilar os valores daquela instituição. Não levará, portanto, bagagem para o novo órgão. Apenas terá levado mais serviço à área de recursos humanos e terá seu nome divulgado mais vezes no Diário Oficial: quando da nomeação, da vacância e da nova nomeação.

Talvez a forma de organização da atual estrutura de cargos e salários tenha responsabilidade nisso: um ocupante de cargo de nível superior com formação em jornalismo, por exemplo, pode ganhar de R$ 1.500,00 a R$ 8.000,00 em início de carreira, dependendo do órgão no qual ele esteja lotado e da carreira à qual pertença. Isso se tomarmos por base só o Poder Executivo. Caberia então pensar na minha humilde sugestão: se as discrepâncias fossem menores, como por exemplo com uma diferença de 2 mil reais entre a carreira de menor e a de maior remuneração dentro do Executivo, essa corrida para os concursos por quem já possui o seu cargo público não seria, ao menos, arrefecida?

Aguardo mais sugestões.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Homenagem


Este blog não poderia deixar de homenagear João Batista Sérgio Murad, o nosso saudoso Beto Carrero. Com a morte dele, vi um pouco de tristeza no olhar de pessoas de 8 a 80 anos. A energia positiva e o bom exemplo que ele passava a todos com a sua figura realmente nos fascinavam, e talvez nem percebêssemos tanto isso quando sabíamos que ainda poderíamos encontrá-lo em seu parque ou em algum programa de TV no domingo.

Fã do herói Zorro, Beto veio de uma família pobre e conseguiu trabalhar como apresentador de rádio, vendedor de anúncios e publicitário. Seu personagem, o cowboy brasileiro, levou o nome Carrero para homenagear seu pai, que tinha um carro de boi em sua cidade natal. De personagem do mundo infantil brasileiro, contracenando com ícones como Os Trapalhões e Xuxa, a proprietário de belíssimo parque temático em Santa Catarina, Beto Carrero deixa o seu exemplo de vida para cada criança que está dentro de nós.

Foto: Agência Senado, retirada do Folha Online.
Informações colhidas no site do Beto Carrero - www.betocarrero.com.br

Pela redução da jornada de trabalho

As centrais sindicais brasileiras iniciaram no final de janeiro mobilização pela redução da jornada de trabalho sem redução da remuneração. Elas tentarão trazer o assunto ao debate político por meio do recolhimento de assinaturas, o que servirá para dar início ao debate dessa possível alteração constitucional.

Contarão com o meu apoio, já que considero fundamental que as pessoas tenham, além do emprego e do acesso aos serviços básicos do Estado, uma boa qualidade de vida. O pai e a mãe têm que ter tempo de estar ao lado das suas famílias. Trabalhar o dia inteiro para ganhar 400 reais e não poder dedicar tempo ao lar é um fator que desestrutura toda a base familiar e acaba com a individualidade das pessoas. No pouco tempo livre que a pessoa possui, ou ela dá atenção aos filhos, ao marido/esposa, ou a si mesma. Acaba se deixando de lado, e com isso sua vaidade, seu desenvolvimento pessoal e sua auto-estima vão por água abaixo, o que repercutirá no seu relacionamento com os filhos e companheiro(a).

Responsabilidade de quem?

Enquanto são anunciadas na mídia as possíveis medidas a serem adotadas para reduzir os acidentes de trânsito - todas voltadas para o lado da "educação pelo castigo", com elevação do valor cobrado pelas multas - retumba na minha mente o questionamento que meu pai certo dia fez: "Se a velocidade máxima permitida no Brasil é em torno de 100 km/h, por que é permitido que se venda carros que vão a 240 km/h?". Ora, se pelas leis brasileiras tal velocidade sempre será ilegal e jamais poderá ser atingida, a permissão de que se venda carros capazes de atingir mais de 200 km/h não seria uma espécie de autorização do tipo: "Olha, jamais se pode atingir essa velocidade pelas leis brasileiras. Mas se ninguém estiver olhando..."?

Não se pode parar a tecnologia, dirão. Concordo. Apenas levanto questões para que os entendidos do assunto e a população possam debater. Um limitador de velocidade seria adequado? Talvez. Presença ostensiva da fiscalização, com mais contratações no Detran, não apenas para multar carros estacionados irregularmente, mas para circular pelas ruas e coibir apressadinhos "cortando" os outros carros e cometendo todo o tipo de irregularidade ao volante? Talvez. Aumentar o valor das multas? Aumenta a arrecadação do Estado, mas não necessariamente previne o acidente. Aumenta-se o efeito punitivo, porém não se garante o efeito preventivo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Curso de formação: primeira etapa da aprendizagem continuada


A cada vez que leio um edital de concurso público, fico mais impressionado com a quantidade de conhecimentos cobrados nas provas. É de se presumir que o pessoal admitido, mesmo que para exercer funções mais simples, possua elevada qualificação. No entanto, o conhecimento por si só não garante a prestação de um bom serviço. O relacionamento interpessoal, a habilidade técnica e a compatibilidade desses dois itens com as necessidades da Administração para o preenchimento dos cargos são os fatores que irão garantir o êxito daquela nova relação que será constituída.

Como forma de desenvolver a habilidade técnica e aprimorar os conteúdos cobrados nas provas, creio ser imprescindível a existência de um curso de formação, onde o futuro servidor será apresentado às rotinas, costumes e conhecimentos da forma como são abordados naquela casa. Não se trata de novidade: muitos cargos possuem essa etapa prevista em seus concursos de admissão. Porém, muitos outros não fazem tal exigência.

Defendo que o servidor público não pode se dar ao luxo de parar de estudar e se aprimorar nas diversas áreas de conhecimento em momento algum de sua carreira. O curso de formação seria uma forma de assegurar que o funcionário recém contratado encontre menos dificuldades em sua fase de adaptação. Já terá feito colegas que serão lotados nas mais diversas áreas, saberá andar com maior desenvoltura pela instituição para desempenhar bem as suas funções. E receberá o embasamento teórico e técnico necessários para iniciar o cumprimento das suas atribuições.

Por isso, o formato do curso de formação não pode ser enfadonho, com palestras de temas amplos e de pouca relação com o dia a dia do servidor. Deve ser, antes de tudo, abrangente, dando uma visão geral das atividades do órgão e de sua missão. Deve ser, ainda, objetivo, de modo a transmitir da maneira mais clara possível os conhecimentos a serem prioritariamente assimilados pelos novos servidores.

O curso de formação, para a vida profissional do servidor naquele órgão público, é a primeira etapa de um processo continuado de formação e aprendizagem que deve acompanhá-lo durante toda a carreira.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Frase

"Um povo alfabetizado é muito difícil dominar. Um povo politizado é como uma tormenta, uma rebeldia permanente." A frase é de Hebe Bonafini, da Associação das Mães da Praça de Maio, em entrevista concedida à jornalista Kátia Mello, da Istoé, à época do Fórum Social Mundial de Porto Alegre.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A consolidação da legislação como forma de acesso à cidadania

Certa vez discutia com um colega do curso de Direito sobre a clareza textual das normas. Questionados pela professora sobre a preferência em se ter leis claras e de fácil compreensão ou, de modo semelhante ao modelo atual, escritas em vocabulário difícil e com a necessidade de maior dedicação para interpretá-las, o colega defendeu a segunda posição, exclamando: "- Ah, professora, acho certo o modelo atual mesmo! Afinal, o charme do Direito está justamente no palavreado mais elaborado". Estava iniciado o nosso debate acadêmico.

Quem me conhece sabe que jamais defenderia qualquer agressão à nossa língua portuguesa. Pelo contrário, acredito que a norma culta deve ser dominada por todos, como forma de redução da desigualdade socio-cultural. Na minha visão, se a população mais pobre passasse a dominar a gramática culta, deixaria de ser facilmente intimidável pelo "palavreado difícil" dos políticos, advogados e demais doutores. A partir do momento em que você atinge a suposta superioridade intelectual do seu interlocutor, deixa de ser motivo de piada, de charge ou desprezo. Passa a ser respeitado em suas interações.

Não obstante, sou obrigado a discordar do colega que mencionei. Apesar de um vocabulário mais complexo poder ser considerado um sinal de estudo, sua utilização nas leis demanda uma interpretação que exige nível de conhecimento muito acima da média do cidadão brasileiro. E a lei diz que esse mesmo cidadão não pode alegar desconhecimento das leis para justificar alguma infração às normas vigentes no país.

Como comunicador que sou, jamais poderia apoiar um nível tão elevado de ineficiência na relação emissor-receptor, por meio de mensagens não interpretadas, escritas em código inacessível.

Se apenas o vocabulário difícil já se constitui uma barreira, imagine então, aliado a ele, o desconhecimento das normas aplicáveis aos inúmeros casos do nosso cotidiano. Com a incessante produção de normas por todas as esferas de Poder, não sabemos sequer onde começar a consulta para verificar quais as normas que devemos respeitar em determinadas situações. No entanto, devemos nos submeter a elas, sejam quais forem.

Se eu que, se Deus quiser, concluirei em breve uma graduação em Direito, não conheço todas as normas aplicáveis aos casos que examino como estudante, devendo fazer elaboradas pesquisas em jurisprudências, portarias ministeriais, resoluções de autarquias etc., o que se dirá de quem não concluiu o ensino fundamental, trabalha 8 horas por dia e cuida de uma família de 6 pessoas? A meu ver, esses brasileiros, que são a maioria, ficam excluídos do conhecimento legal necessário quando precisam defender os seus direitos ou se vêem em alguma situação regulada por norma. E aí há margem para que o cidadão não tenha como argumentar contra a autoridade do Poder Público ou para que algum particular possa tentar obter vantagem indevida.

Portanto, se houvesse esforço em todos os Poderes, principalmente o Legislativo, para em vez de produzir normas e mais normas diariamente, consolidá-las por setor e tema, tirar de vigência as que não mais se aplicam, enfim, realizar uma verdadeira revisão e agrupamento das Leis em nível federal, estadual e municipal (há ainda esse fator: temos que conhecer as Leis em todos esses níveis!), seria prestado grande serviço à cidadania dos brasileiros, principalmente dos que pertencem às camadas mais pobres da população.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Febre amarela e qualidade no atendimento da Saúde

Creio que todos os amigos leitores deste blog, com o alarde provocado pelas últimas notícias, já procuraram algum posto de atendimento para se prevenir contra a febre amarela. Não se preocupem comigo, pois como recentemente tive de realizar missão a serviço na Guiana Francesa, já havia tomado a vacina há alguns meses.

No entanto, não escapei: esses dias tive de procurar um posto de saúde para tomar a segunda dose da vacina contra Hepatite. Como a primeira dose foi tomada no posto de saúde do final do Lago Sul, resolvi tomar a segunda injeção também por lá.

Ao chegar no local, um susto: o outrora tranqüilo posto estava com o estacionamento lotado e uma enorme fila de pessoas aguardando pela vacinação contra a febre amarela. Nada mais justo.

Fiquei um pouco receoso de não haver outros tipos de vacina, em razão da enorme procura pela de febre amarela. Mesmo assim, entrei na fila sem tentar obter maiores explicações. Lá tive o prazer de conhecer uma jovem profissional da área de saúde; uma simpática e elegante dona de casa do Lago Sul; e uma senhora de mais idade, empregada doméstica, ainda mais simpática que a outra. Conversei com aquelas três mulheres de classes, gerações e níveis culturais diferentes, e pude aprender um pouquinho com todas elas, e elas puderam aprender uma com a outra.

Naquele papo agradável, pude perceber que quando o assunto é qualidade de vida, bem estar da população, saúde e esperança, quase não há discordância entre nós: somos todos brasileiras e brasileiros ávidos por soluções e bom atendimento.

E lá pude ver que as pessoas saíam com uma expressão satisfeita no rosto, ao constatar que as instituições ainda funcionam. Ao ver uma fila grande, porém organizada e rápida, as pessoas que chegavam pareciam saber que seriam atendidas com qualidade. Havia um verdadeiro mutirão cuidando da vacinação contra febre amarela nas outras dependências do posto. Ao receber um "boa tarde" da enfermeira e ver o responsável pelo posto na porta, coordenando o trabalho de atendimento, as pessoas sentiam segurança. Mesmo sem um funcionário destacado para organizar a fila, os próprios cidadãos exerciam o seu poder de polícia, encaminhando ao local correto, com educação, aqueles que se equivocavam e acabavam "cortando" parte da fila. Arrisco dizer que 15 minutos era o tempo médio que as pessoas gastavam entre o final da fila e a chegada à sala de vacinação.

Lógico que, para evitar erros em um trabalho que me pareceu tão bem organizado e aproveitando para exercitar o que já discutimos aqui no blog a respeito de ruídos na comunicação, colaborei, deixando claro logo de início que a minha vacina seria de hepatite, uma exceção para aquele dia. Fui encaminhado de imediato à sala onde era aplicada este tipo de vacina, em perfeito funcionamento.

É sabido que estamos falando do Lago Sul, que serve como exemplo de qualidade de vida para outras áreas do Distrito Federal e do país. Mas o que impede, em termos de material humano e repartição do bolo orçamentário, que estendamos tal qualidade às outras áreas do Distrito Federal? Acho que esse é o meu grande sonho: que um dia consigamos oferecer a todos os cidadãos serviços públicos de primeira qualidade. E o primeiro passo para que isso aconteça não depende necessariamente de dinheiro, e sim do material humano: a qualidade no atendimento.

Um intelectual por quem guardo grande respeito e que já trabalhou na área de saúde, o sociólogo e professor Bailon Vila Nova, certa vez me contou que boa parte dos atendimentos médicos que prestava o órgão da Administração Pública no qual ele trabalhava eram solucionados com a conversa e atenção dos profissionais de saúde para com aquelas pessoas que procuravam o serviço médico. Orientação psicológica, conversa e afeição era o que aqueles cidadãos precisavam naquele momento para eliminarem as supostas enfermidades das quais acreditavam ser vítimas. Uma equipe multidisciplianr oferecia a devida atenção a cada um, e pronto: boa parte daquele público se via curado, sendo encaminhados para os hospitais apenas os casos que realmente necessitassem de tratamento médico. Ganhavam os cidadãos, com o aumento da sua qualidade de vida, ganhava o Estado, menos demandado a gastar com a manutenção de seus hospitais.

Um eficiente treinamento e remanejamento de servidores seria um bom começo para estender essa cultura. Basta, é claro, que haja vontade política neste sentido. E, também, que os servidores possuam a vocação para servir, mencionada anteriormente neste blog.

Parabéns à equipe do posto de saúde do final do Lago Sul e à Administração daquele bairro por dar este saudável exemplo, mote de uma das discussões que pretendemos manter sempre em foco por aqui: a qualidade do serviço público.

Informações úteis sobre febre amarela podem ser encontradas no portal do Ministério da Saúde.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Fazer a diferença

No mundo inteiro, a cada segundo, alguém está fazendo a diferença. Seja no relacionamento com os pais, fazendo de tudo para ser um bom filho; no relacionamento com a esposa, agindo como um marido fora de série; no âmbito da responsabilidade socioambiental, cuidando da preservação do patrimônio ambiental para as gerações que ainda virão. Há outras pessoas que se destacam no trabalho que fazem, servindo de referência para os seus colegas, funcionários e superiores hierárquicos.

Há ainda aqueles que escolhem trabalhar para o bem das pessoas. É o caso dos servidores públicos, dos religiosos, dos assistentes sociais, dos voluntários e, por que não dizer, dos políticos. Sim, dessa classe que todos tão constantemente atacamos. Não há nenhum erro aqui, meu caro leitor. O blogueiro não enlouqueceu. Me diga, se não fosse a vontade de fazer o bem aos outros, o que motivaria uma pessoa digna, com boas condições de vida, a entrar numa classe que anda tão desprestigiada, num país tão cheio de problemas?

Se a pessoa não for dada à corrupção, se estivermos falando de pessoas sérias, o motivo mais plausível é a vontade de ajudar o seu país. Essa vontade pode estar, sem qualquer prejuízo, aliada a uma certa vaidade, como já abordamos neste blog. Mas tal vaidade jamais pode prevalecer diante do interesse público. Há de ser uma vaidade benéfica, de quem sabe que pode fazer, e fazer de uma maneira melhor, mais justa e correta.

Por isso, meus amigos, me sinto obrigado a dedicar essas palavras da primeira postagem do ano de 2008 ao Deputado Reguffe, que de mesa em mesa, de conversa em conversa, conseguiu chegar lá e tentar fazer a diferença. Propostas voltadas ao consumerismo (movimento que visa a proteção do consumidor em suas relações de troca, inclusive na sua condição de consumidor dos serviços do Estado), à moralidade no trato da coisa pública e à defesa da classe média e das camadas menos favorecidas têm feito de Reguffe uma figura respeitada em todo o Distrito Federal. Nada se sabe até hoje que desabone a sua conduta. Aos olhos de todos, tem sido uma pessoa honesta e comprometida.

Um é pouco? Talvez. Mas é um bom começo.