sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Não desista, servidor!

Já ouvi, por meio de relatos dos mais variados, que muitos dos novos servidores que têm ingressado na carreira pública têm enfrentado uma série de dificuldades para desempenhar o seu papel. Principalmente aqueles que não tiveram a felicidade de ingressar na chamada elite do funcionalismo, composta pelas carreiras típicas de Estado e outras, sem essa conotação, mas igualmente bem remuneradas.

Conforme vai descendo o "escalão" salarial dos cargos efetivos, menores são as chances de o servidor ascender na carreira, ocupar funções de chefia e assessoramento, aumentar sua remuneração com base na produtividade etc. Sem mencionar que, por uma interpretação constitucional mais rígida, nem deveriam haver tais separações. Não consigo entender a razão de um servidor público concursado, de nível superior, que atue na área de recursos humanos, ganhar, iniciais, R$ 2.000,00 num Ministério, R$ 5.000 em outro, R$ 13.000,00 num terceiro, 10.000,00 numa agência reguladora, R$ 7.000 num Tribunal ou R$ 11.000,00 numa Casa Legislativa.

Isso estimula uma insatisfação constante e um inevitável "olhar para a grama do vizinho" - sempre mais verde, sendo que, a rigor, todos esses servidores estão realizando atividades similares. E isso pode até vir a comprometer a dedicação por parte do servidor das carreiras de menor remuneração, que estarão gastando o seu tempo livre para estudar para outros concursos, em vez de descansar e se especializar para exercer melhor o cargo que ocupam. A meu ver, a diferenciação salarial no funcionalismo deveria ser reduzida a níveis mínimos e, se ainda houvesse, que existisse por área de atuação, e não por carreira.

Quer dizer, na opinião deste palpiteiro, deveria haver bons salários-padrão de acordo com a qualificação exigida (analista - nível de pós-graduação, analista - nível superior, técnico - nível médio etc.), acrescidos de uma gratificação variável de acordo com a atividade. Se ao Governo, em determinado momento, fosse interessante contar com mais fiscais, que se desse uma gratificação maior a quem atua com a atividade de fiscalização em qualquer dos órgãos. Se o fiscal, oriundo de órgão onde essa seja a carreira por excelência, resolver atuar na área de comunicação, que se pague a ele a gratificação pelo exercício dessa atividade (seja ela maior ou menor), e não pela fiscalização. Iniciativa nessa linha foi a recente criação das Gratificações Temporárias (GSISTE, GSISP) pelo Poder Executivo, que enxergo com bons olhos, se tiverem mantidas a sua destinação e finalidade.

Mas, voltando ao tema da nossa postagem, peço que o servidor novo, mesmo se deparando com as dificuldades mencionadas, não desista de realizar bem o seu trabalho. Mesmo sentindo-se desmotivado pela falta de expectativas para o futuro de sua carreira, continue a atender com o mesmo sorriso a população. Pense que o seu atual cargo público é uma vitória pessoal, pelo seu esforço em conseguí-lo, e para a população, em contar com o seu serviço de qualidade prestado em nome do Estado. Mas também, ao chegar em casa, busque forças para realizar leituras, fazer cursos em seu tempo livre, enfim, atividades que o permitam tornar-se um excelente técnico em sua área e um candidato fortíssimo a cargos mais cobiçados do serviço público. Sugiro isso porque, infelizmente, a aproximação das faixas salariais do funcionalismo, apesar de ter avançado no segundo mandato do Governo Lula, ainda é um sonho distante.

Nenhum comentário: