sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dia do Servidor Público

Exceto pelo merecido dia de descanso aos homenageados, antecipado para o dia 26 ou adiado para o dia 30, o último dia 28, dedicado ao servidor público, passou em branco para a maior parte da população. Pouco se comentou a respeito na mídia em geral. Um parente, servidor aposentado, estranhou a falta de qualquer informação a respeito e me perguntou se haviam esquecido o Dia do Servidor.

É necessário reconhecer o esforço em prol dos servidores que vem sendo desenvolvido pelo Presidente Lula em seu segundo mandato, quando passou a mencionar com frequência em seus discursos a qualidade dos servidores públicos do nosso país, dedicando bastante atenção à gestão pública e às dificuldades encontradas por servidores e também pela população atendida. No entanto, não obstante a enorme popularidade do Presidente emprestada à classe dos servidores, a população ainda não enxerga o servidor público como seu aliado.

Em parte, tem responsabilidade a gestão, quando prioriza colocar assessores e boa estrutura em gabinetes perto do Poder e coloca pouco pessoal, com quadros algumas vezes sem vocação para a função, no atendimento ao público, realizado em estrutura precária. Não há como a população ficar feliz com o atendimento recebido quando espera em pé, numa fila, por horas a fio, por falta de servidores para atendê-la, sem local para sentar, sem água para beber e, muitas vezes, sem ventilação adequada.

Também há a responsabilidade dos detentores de posições de comando, como ocupantes de altos cargos ou mandatos, quando, em vez de utilizar servidores concursados ou comissionados com bons salários para exercer suas funções técnicas, os colocam para exercer funções que não condizem com a capacidade e com a dificuldade dos testes aos quais foram submetidos para ingressar no serviço público, gerando uma inevitável sensação de subaproveitamento e frustração naquele profissional.

A imprensa, apesar do seu valoroso papel em denunciar essas falhas, peca por omitir, algumas vezes, as dificuldades pelas quais passam os servidores para realizar o seu trabalho. Existe servidor que já não ganha muito, e ainda tira dinheiro do próprio bolso para dar efetividade a ações do seu órgão, sem recursos, por exemplo, para custear a gasolina necessária ao deslocamento para entregar documentos de cidadãos em uma cidade mais afastada. Há bons exemplares da categoria por aí que, nesses casos, usam os próprios veículos, fora do horário de trabalho, sem qualquer ressarcimento, para que os documentos possam chegar aos seus destinatários, enfim, para que sua missão seja cumprida.

Também há o mito divulgado pela imprensa do inchaço da máquina pública, que, se verdadeiro com relação a certos cargos onde não se vê o titular e cargos de áreas que não atendem à população, é falacioso com relação aos cargos que prestam serviço direto aos cidadãos, onde falta gente. É responsabilidade, também, de muitos servidores, que preferem assessorar uma autoridade a fazer a parte mais pesada do atendimento ao público. Não os responsabilizo totalmente, já que, por uma opção de gestão, não costuma haver incentivos profissionais ao servidor que se dedica a esse atendimento, como mencionado anteriormente.

De qualquer forma, a imensa maioria dos milhares de servidor públicos, civis e militares, presta valorosa contribuição à população brasileira. O seu dia deve ser comemorado, apesar das dificuldades abordadas aqui. Talvez seja o momento de os governos investirem em publicidade institucional para valorizar o servidor. Mesmo sendo contrário à publicidade governamental da forma como é mais amplamente usada (para destacar realizações, que acabam, mesmo que veladamente, por valorizar determinados políticos), entendo que a publicidade institucional a esse respeito passaria a ajudar a população a enxergar o servidor como uma pessoa que está ali para ajudá-la, e, até mesmo pela consequente aproximação que iria gerar, serviria para incentivá-la a cobrar do servidor o bom desempenho das suas tarefas.

Publicidade governamental

As verbas de publicidade governamental, a meu ver, deveriam ser reduzidas, e a forma da publicidade governamental deveria ser alterada. Ela deveria ser utilizada apenas para campanhas de conscientização (caso das propagandas sobre sobre a questão do trânsito e contra as drogas), informação (a exemplo do que ocorreu na divulgação de informações sobre a gripe suína) e divulgação do papel das instituições governamentais, de modo a esclarecer sua atividade para a população. Mas isso é assunto para outra postagem. O que quero dizer é que, apesar de minha posição de restrições com relação à publicidade governamental, acredito que uma campanha para valorizar a imagem e conscientizar a população a respeito do papel do servidor público se encaixaria perfeitamente nessa terceira possibilidade que mencionei.

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