sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ruídos na comunicação

Mencionei anteriormente que falaria sobre as dificuldades na comunicação entre as pessoas. Certo dia, ao dizer que era formado em Comunicação Social, alguém me falou: - Mas que belo curso! A Comunicação é uma coisa importantíssima. Tantos problemas seriam evitados se as pessoas aprimorassem a sua comunicação...

Cometo aqui o pecado de não me recordar quem fez essa elogiosa e simples observação. Uma boa comunicação, envolvendo emissor e receptor com um nível mínimo de ruído, é fundamental desde a ida à farmácia até a negociação de um acordo comercial entre dois países.

Qualquer pequeno detalhe omitido ou que sinta falta da ênfase necessária para a sua compreensão pode ser fatal para o objetivo que se pretende alcançar. Quando não há grande convívio entre emissor e receptor, com possibilidade de haver então diferentes percepções de significado, riquezas de vocabulário diferentes ou qualquer outra barreira, vale a pena se perguntar: - Estou me fazendo entender por essa pessoa? Estou sendo claro em enfatizar o que necessita ser destacado para obter o que desejo? Me colocando no lugar daquela pessoa, quais informações seriam importantes para que eu pudesse executar o serviço ou repassar aquela solicitação de forma clara e com menor chance de ruído?

Responder a essas três perguntas ajudam tanto ao marceneiro como ao corretor de seguros, servidor público ou executivo, sem discriminação de raça, cor ou credo. Não chegarei ao ponto de sugerir que passemos a imitar o nosso Rei com o "Entende?" ao final de cada frase, já que isso já é marca registrada dele, mas repetir a idéia que foi transmitida para ter certeza de que foi bem assimilada não faz mal a ninguém. Se possível escrevê-la, quando se tratar de uma transação passível de conseqüências no mundo jurídico, e obter o "de acordo" das duas partes.

No entanto, quando a comunicação ocorre entre pessoas que já possuem maior intimidade, seja pelo convívio pessoal ou profissional, a falha costuma se dar pelo fator preguiça, elevado ao seu expoente máximo quando o assunto é prestar atenção naquilo que o outro fala.

Hoje temos tanta má vontade em ouvir o que as outras pessoas têm a dizer que o nosso cérebro prefere tentar criar seqüências de informações que nos pareçam lógicas para a fala daquele emissor, simultaneamente a uma congelada cara de paisagem e simulada compreensão que procuramos demonstrar.

Aí chega a hora da execução da ordem dada, do pedido feito, da consulta marcada. E ocorre então o problema, o conflito, a discussão, o "- Você disse X" e o "- Não, eu disse Y", com ambos os lados cheios de raiva e razão.

Portanto sugiro a todos nós, para o bem da humanidade e do nosso bem estar, que passemos a ouvir mais uns aos outros, de modo que isso possa reduzir discussões infrutíferas e cheias de energia negativa, ainda mais nesse início de 2008 que tantas coisas boas promete. Fui claro?

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