Amigas leitoras e amigos
leitores, diante do processo eleitoral que se aproxima, me senti compelido a
escrever a vocês para explicar por quais motivos não serei candidato nessas
eleições.
Os
amigos que acompanham minha participação na política há algum tempo sabem que
me filiei ao Partido Democrático Trabalhista – PDT em 2004, ainda com 21 anos.
Escolhi o partido pela identificação que minha família e eu tínhamos (e ainda
temos) com os ideais de defesa da educação e do trabalho como forma de
emancipação e valorização do ser humano, bem como do desenvolvimento nacional,
tão bem defendidos por nomes como o de Leonel Brizola e do Professor Darcy
Ribeiro.
Em
2010, fruto da participação ativa em questões sociais e partidárias naquele
momento, veio a minha candidatura a Deputado Distrital. Com 27 anos de idade,
começando a construir uma carreira no serviço público e ainda desfrutando de
certa notoriedade por conta da breve carreira como DJ e radialista, mas
contando principalmente com o apoio de familiares e amigos – todos vocês –, foi
possível realizar uma bela campanha, com duas bandeiras: maior eficiência da
Gestão Pública e melhor qualidade do atendimento ao consumidor.
Mesmo tendo
recebido algumas críticas de amigos e conhecidos por terem sido consideradas
pautas muito avançadas ou “acadêmicas demais” para uma política pautada ainda
em grande parte por relações patrimonialistas e imediatistas, segui com a
defesa dessas duas bandeiras, sem hesitar, tendo alcançado 753 votos
distribuídos por todas as Zonas Eleitorais do Distrito Federal. Ainda falando
em números, ficamos na casa dos 280, dentre 820 candidatos, numa campanha que
gastou apenas R$ 12 mil de recursos próprios e de familiares, que foram
utilizados para impressão de material gráfico e ressarcimento de despesas dos
voluntários que bravamente auxiliaram na campanha.
Ocorre que,
após a eleição, tratei de me voltar mais para o lado pessoal e familiar, tão
negligenciado após o elevado grau de exposição que os três meses de eleição
proporcionaram. Os aspectos profissional, acadêmico e afetivo voltaram a ter a
saudável prioridade em minha vida. Não abandonei, no entanto, o gosto pela
política, tendo sido muito bem recebido no Partido Socialista Brasileiro - PSB,
onde estive de 2011 a 2013 e pude participar de debates de elevadíssima
qualidade sobre política, juventude, políticas públicas e gestão pública.
No entanto, a
ligação com a história do PDT me fez retornar em 2013, a convite de seu
Presidente Regional, Dr. Georges Michel, da Secretária Regional Eroídes Lessa,
do Senador Cristovam Buarque e do Deputado Federal Reguffe (a todos agradeço
pela acolhida calorosa e pelos exemplos de pessoa que são). De pronto, fui
alçado a pré-candidato para o pleito eleitoral de 2014, o que foi motivo de
muito orgulho para mim.
Mas fui
constatando, ao longo desse período em que figurei como pré-candidato, que meu
momento de vida era bem diferente de 2010. Se a candidatura em 2010 foi momento
de grande realização pessoal, tantas outras realizações que tenho buscado ainda
não se concluíram em 2014, e dependem de meu esforço e dedicação integrais,
incompatíveis de se conciliar, ao menos por agora, com a atividade política.
Constatei, ainda, que não só a atividade política, mas também o exercício de
funções técnicas, podem ajudar sobremaneira na prestação de um serviço público
de qualidade à Nação.
Continuo
acreditando, todavia, na participação cada vez maior dos cidadãos na política
como forma maior e mais efetiva de alcançar nosso pleno desenvolvimento como
sociedade. Não só na política partidária – mas também nela –, mas nas
associações, prefeituras de quadra, reuniões de condomínio, audiências públicas
promovidas por órgãos de governo. Enfim, o tempo que “gastamos” – prefiro dizer
investimos – em reuniões para debater questões coletivas é diretamente
proporcional ao desenvolvimento que esses debates proporcionam à coletividade
em si.
Enquanto
continuarmos preocupados exclusivamente com nossos mestrados, nossas carreiras,
nossa qualidade de vida, ALGUÉM sempre estará tomando todas as decisões
coletivas por nós. É aí que reside a estupidez do voto nulo. “ - Não confio em
ninguém que está se candidatando, então vou anular todos os meus votos, de
ponta a ponta. É a minha forma de protestar”. Ouvi isso de diversas pessoas, e
não foram poucas as vezes. Procurar no Google o histórico de candidatos pouco
conhecidos? “- Dá trabalho”. Participar da vida política, em reuniões e
debates, e eventualmente vir a ser candidato? “- Nem pensar!”. Não é isso?
Mas as pessoas
parecem ter esquecido que boa parte dos pensadores e dos grandes expoentes, não
só da História Brasileira, mas mundial, foi político ou esteve em algum momento
envolvido na política. Que quem escreveu nomes nos livros de História, para o
bem ou para o mal, foram políticos. Que a política não é apenas a política
partidária, mas a política de boa vizinhança, a política de um condomínio, a política de uso de um software, a política
econômica. Que as políticas públicas são definidas por órgãos políticos cujos
mandatários ajudamos a eleger. Em suma, que a política em sentido amplo está
intrinsecamente ligada às relações humanas, ao poder e à capacidade de ditar
rumos de alcance geral.
O “nulo”, o
“nada”, não administra. Não escolhe ministros, não presta contas, não define
prioridades. Já “alguém”, uma pessoa, essa sim é uma figura apta a exercer
todas essas funções. E as coisas tendem a melhorar quando confiamos na
integridade do “alguém” que desejamos colocar para cuidar desses assuntos, ou
mesmo quando acreditamos ser nós mesmos esse alguém. A anulação, apesar de dar
a falsa sensação de protesto, apenas legitima a corrente majoritária da
ocasião, seja qual for. Afinal, não existe espaço vazio no poder. Se existir
espaço político, alguém irá ocupá-lo. Se não for alguém em quem confiamos, pode
ser alguém em quem não confiamos. Mas sempre haverá alguém.
Não culpo, no
entanto, quem vota nulo ou culpa a política por todos os males, e em lugar de
querer entrar nela para melhorar, prefere apenas criar ojeriza e se afastar. Afinal, os meios de comunicação em geral não
têm ajudado em nada no despertar da vocação dos jovens para a política. Apenas
noticiam os maus exemplos e fazem todo tipo de associação pejorativa à
expressão “política”. Os bons exemplos ganham poucas inserções, dão pouco
Ibope. A classe política também não tem vivido sua melhor fase, exportando com
grande frequência parte de seus integrantes dos cadernos de política para as
páginas policiais.
Faltam, portanto, líderes que digam à população sobre a
importância da política. Mas esses líderes não estão sendo formados, porque não
se estimula os jovens talentos a entrar na política. A imprensa, os pais, os
familiares, os amigos sugerem todos os caminhos possíveis: estudos, arte,
mestrado, viagens, dança, esportes... tudo, menos a política. E assim entramos
num círculo vicioso de ausência de novas lideranças políticas. A justificativa
de que “- não participo porque qualquer pessoa de bem que entra ou se suja ou é
expulsa da política” parece atender a quem tem preguiça ou quem não garante a
integridade do próprio caráter. E não querer atrair gente boa para a política é
querer um ambiente de pleno atraso, que certamente não interessa a quem tem
amor pela sua cidade ou por este País.
Dessa forma,
continuo valorizando a coragem de homens públicos como os senadores Cristovam
Buarque (PDT-DF) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o deputado federal Reguffe
(PDT-DF) e o deputado distrital Joe Valle (PDT-DF), que abriram mão da vida
pessoal tranquila que poderiam ter, como cidadãos da chamada classe média-alta
(professores, servidores públicos, empreendedores) para perder sua privacidade,
ser alvo de todo o tipo de cobrança da população, mas sempre podendo se dirigir
a todos de cabeça erguida, olhando nos olhos, coisa que nem todos os políticos
conseguem fazer. Seria muito mais cômodo para cada um deles seguir a vida de
servidor público, professor, empresário, com uma rotina mais tranquila e vida
pessoal muito mais preservada. Mas preferiram seguir firme em seus ideais.
No mesmo
sentido, enalteço a coragem de colegas de grande valor que também estão abrindo
mão de suas rotinas, para, pela primeira, segunda ou terceira vez, entrar nessa
disputa. Será um prazer apresenta-los a vocês, diante das qualidades como
profissionais e seres humanos que eles detêm. Tendo essas qualidades como
premissas, tudo indica que serão grandes homens públicos, precisando apenas que
a sociedade lhes oferte um voto de confiança, como fez há mais tempo com os
parlamentares citados no parágrafo anterior.
Me verei
plenamente representado na política por bons nomes, portanto, se assim a
sociedade escolher. E, mesmo fora do pleito eleitoral, terei a segurança de
estar contribuindo de forma efetiva para a melhoria da nossa Administração
Pública, não apenas como servidor público. Isso porque, em 5 de maio de 2013,
iniciei com um grupo de amigos um trabalho muito maior que uma candidatura individual.
Trata-se de uma iniciativa suprapartidária da sociedade civil denominada
Movimento Gestão Pública Eficiente – MGPE (www.gestaopublicaeficiente.com.br
/ www.facebook.com/gestaopublicaeficiente),
e que muitos de vocês já prestigiam.
Hoje somos
mais de 1.000 pessoas nas redes sociais, compartilhando, por meio de artigos e
iniciativas, a importância da eficiência na gestão pública para a percepção de
cidadania do brasileiro e o desenvolvimento nacional. Pudemos, assim, transformar
o que é um tema de predileção e foi uma bandeira de campanha, numa pauta muito
maior, que transcende qualquer candidatura, e deve ser sim tema de primeira importância
na agenda de qualquer político, com ou sem mandato.
Foi com a
candidatura, em 2010, bem como com o MGPE, de 2013 até o momento, que ajudamos
a dar ao assunto a prioridade política que deve merecer. Reparem que, nas
eleições que estão por vir, diversos candidatos trarão claramente a pauta de
qualidade e eficiência da gestão pública em seus discursos e propostas de
campanha, tanto em nível federal quando distrital, com volume muito maior que
nas eleições de 2010. E o MGPE oferecerá oportunidade a todos aqueles
candidatos, se assim desejarem, de firmar publicamente o compromisso com a
defesa da qualidade da gestão pública, com a devida divulgação nos espaços
virtuais do Movimento. Dessa forma, o eleitor terá como aferir a biografia e as
propostas de pessoas que têm a qualidade da gestão pública como compromisso.
Por fim,
minhas amigas e meus amigos, quero agradecer. Quero agradecer quem leu este
texto até aqui; quem me apoiou nas eleições de 2010 (há muita gente que o fez e
cujo contato acabou se perdendo – estejam certos que lembro de cada um e ainda
sou muito grato!); quem me apoia sempre na vida pessoal, no MGPE e em tantos
outros projetos e momentos que partilhamos nessa vida – MUITO OBRIGADO! Peço
desculpas também àqueles que esperavam com carinho uma nova candidatura da
minha parte, me estimulando de forma recorrente(obrigado ao Sr. Paulo, in memoriam, e tantos outros amigos
queridos) – alguns inclusive transferiram a localidade de seus títulos
eleitorais para poder me prestigiar. Lamento qualquer transtorno, mas estou
certo de que, com bons nomes cujas candidaturas se avizinham, teremos opções
dignas a quem confiar o voto.
Muito obrigado e até breve!
Muito obrigado e até breve!
Um comentário:
Amigo concordo com você fui candidato em 2010 com você a distrital e eu a federal era outro contexto.
Hoje sou militante do PDT mais não sou candidato pois não concordo com a reeleição DILMA MICHEL TEMER.
Amigo sucesso conte com seu amigo ANTONIO TEODORO.
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