domingo, 2 de maio de 2010

Andando em círculos

Foto: Gustavo Hamu

Final de governo, e vença quem vencer, a sociedade brasileira volta a enfrentar o velho problema de sempre: substituição de ocupantes de postos no governo, exoneração em massa de ocupantes de cargos em comissão, interrupção de projetos na metade, início de outros novos, guinada de 180º em algumas políticas públicas (e de 360º em outras...), resultando numa descontinuidade sempre prejudicial ao desenvolvimento do País. Não estou criticando aqui a averiguação e auditoria sobre eventuais deslizes da gestão anterior, o que é benéfico e necessário. Estou falando na mudança de estilo de gestão que o novo ocupante do cargo sempre quer imprimir ao assumir o posto. Aí discute-se qual a melhor forma de apresentar aquela planilha, como redigir da melhor maneira o texto do projeto... ignora-se a memória institucional com a crença no "o meu jeito é o melhor". E muitas vezes sequer há a referida memória institucional, já que o nível de troca de funcionários chega a ser tão grande que literalmente não sobra ninguém para contar a história.

Isso tem que acabar. Os cargos em comissão são necessários e importantíssimos sim, mas nas funções de direção e assessoria, para ajudar os dirigentes máximos a carregar o piano e implementar as políticas de acordo com o governo vigente. Mas quando as rotinas burocráticas essenciais são executadas por ocupantes de cargos de confiança, não há a desejada manutenção das rotinas, justamente por faltar-lhes a estabilidade dos servidores efetivos, e estarem sujeitos a exoneração na gestão seguinte. Resumindo: o País ganharia muito mais com um sistema de cargos em comissão de número reduzido, que estivessem limitados a estar presentes próximos ao topo, deixando a base exclusivamente para os servidores de carreira. E ganharia também se os novos ocupantes dos cargos procurassem respeitar mais as rotinas desenvolvidas pelos seus antecessores, a fim de ganhar tempo e "andar para frente", em vez de andar em círculos. Para se implementar a visão política do governo da situação, qualquer que seja, não é preciso reinventar a roda. Precisamos sim é avançar, em busca do desenvolvimento.

Um comentário:

Hamu disse...

Precisamos mesmo! Boa!